Desça agora desse barco!
Como era de praxe naquela região litorânea a maioria dos homens que por ali residiam eram pescadores.
Alguns deles se dedicavam ativamente àquele serviço. Não era apenas um trabalho que geraria um lucro no fim do dia. Mas era a propria vida sendo ali vivida de uma forma intensa e prazerosa.
Não se sentiam cansados e sequer reclamavam das barreiras que o mar estrondoso oferecia. No tempo das cheias aguardavam pacientemente. E sempre tinha uma carta na manga. Enfim a vida não poderia parar.
Era inverno. E naquela estação todas as tardes eram celebradas. Uma fogueira e um batuque. Era um violão, ou um atabaque, era um tambor, ou um pandeiro. Certos eram os sons que naquela região se ouviam.
Certa feita, um forasteiro, dono de uma grande empresa de comercialização de frutos do mar foi fazer morada naquela região. Os pescadores, um tanto quanto desconfiados, tiveram uma intensa rejeição com a chegada daquele que jurava trazer a industrialização para aquele povo. Mas a pergunta que não queria caar permanecia: Queria aquele povo a industrialização? E que industrialização era esta?
Sem ao menos consultar aqueles pescadores encheu os arredores do mar de máquinas e homens terinados para trabalhar. Que conheciam sobre o tempo, que tinham aparelhos de localzação geográfica, que tinham equipamentos de segurança e que eram remmunerados, independente da quantidade de pescado.
Os pescadores foram perdendo as esperanças. Começaram a fazer viagens mais longas. A passarem mais tempo nos mares. A se esquecerem das noites de inverno. A perderem o contato com a família. A observarem a lua que despontava.
No alto da montanha, morava um senhor que era tido como guru daquele povo. Era um pouco estranho. Vivia fechado numa casa e corria do contato social, porém lia todos os livros que sempre comprava quando viajava pelos países do mundo. Era tido como um conhecedor. E alguns até o designaram profeta.
Vendo o sofrimento daquele povo e sentindo a dor de cada um tomou uma decisão. Vou convidar o dono desta industrialização para um belo passeio de barco.
Os pescadores se revoltaram com a posição do guru:
- Sempre pensei que ele estivesse do nosso lado.
- Isso é demais. Convidá-lo para um belo passeio de barco?
- Ele nos traiu.
O guru não se incomodava com o falatório. Apenas arrumou o barco e na data e hora marcada esperou o convidado.
- É uma honra para mim, Brutus, estar aqui com o senhor que é tido como um Deus para este povo.
E ele permanecia em silêncio, apenas com um sorriso terno nos lábios.
- O senhor por acaso é mudo? Não me disseram... Ou como Deus não pode falar com pessoas como nós? Não importa! Vou lhe contar o que estou pevendo para esta região. Quero construir espaços onde as pessoas possam se divertir, transformar este lugar em um local de extensa atividade turística. Fazer esta cidade crescer.
Depois de mais ou menos quatro horas navegando pelos mar e já percebendo as reações do convidado disse o guru?
- Está sentindo alguma coisa?
- Estou zonzo, com enjôos e com fome.
- Pois bem. Então desça do barco agora.
- Como assim desça do barco? Eu não tenho colete salva-vidas e nem sei nadar. Você está louco?
- Desça do barco agora.
- Mas eu não conheço o mar não sei o que ele pode acontecer, já está anoitecendo.
- Desça do barco agora.
- Porque o senhor está fazendo isso. Quer me matar? Tenho família. Tenho filhos para criar. Minha esposa nem sabe que estou aqui. Tenho amigos. Tenho uma vida. Não pode me forçar a destruí-la assim. Quem é ò senhor para fazer isso. Pensa que é Deus?
- Não. Eu não sou Deus. E nunca serei. Mas você ao contrário de mim, incorporou o papel dele de maneira errônea. Você tem família, filhos, amigos? Tem esposa? Não pode morrer? Mas porque não pensou nisso quando matou cada um dos pescadores que nesta região viviam? Você não pensou na família deles quando aqui chegou e trouxe mão de obra de fora e nem aproveitou os pescadores. Você não pensou quantas famílias exterminou? Não pensou em quantos você pediu para descer do barco na hora mais difícil da viagem? Pois bem... Eu não vou matar você. Nem vou obrigá-lo a destruir a sua vida. Não sou Deus. Apenas estou dando a você a oportunidade de ver que o mundo é dinâmico.
Em silêncio voltaram para casa. Numa viagem árdua e noturna de cinco horas.
Tempos depois ouvi-se dizer que aquele homem havia criado uma grande cooperativa de pescadores dando suporte técnico e administrando os bens conjuntos. Afinal, percebeu que tudo que era dividido rendia mais.
E Brutus continuava a ler os seus livros no alto da montanha. E o povo sempre a dizer que fôra traído por aquele homem...
Como era de praxe naquela região litorânea a maioria dos homens que por ali residiam eram pescadores.
Alguns deles se dedicavam ativamente àquele serviço. Não era apenas um trabalho que geraria um lucro no fim do dia. Mas era a propria vida sendo ali vivida de uma forma intensa e prazerosa.
Não se sentiam cansados e sequer reclamavam das barreiras que o mar estrondoso oferecia. No tempo das cheias aguardavam pacientemente. E sempre tinha uma carta na manga. Enfim a vida não poderia parar.
Era inverno. E naquela estação todas as tardes eram celebradas. Uma fogueira e um batuque. Era um violão, ou um atabaque, era um tambor, ou um pandeiro. Certos eram os sons que naquela região se ouviam.
Certa feita, um forasteiro, dono de uma grande empresa de comercialização de frutos do mar foi fazer morada naquela região. Os pescadores, um tanto quanto desconfiados, tiveram uma intensa rejeição com a chegada daquele que jurava trazer a industrialização para aquele povo. Mas a pergunta que não queria caar permanecia: Queria aquele povo a industrialização? E que industrialização era esta?
Sem ao menos consultar aqueles pescadores encheu os arredores do mar de máquinas e homens terinados para trabalhar. Que conheciam sobre o tempo, que tinham aparelhos de localzação geográfica, que tinham equipamentos de segurança e que eram remmunerados, independente da quantidade de pescado.
Os pescadores foram perdendo as esperanças. Começaram a fazer viagens mais longas. A passarem mais tempo nos mares. A se esquecerem das noites de inverno. A perderem o contato com a família. A observarem a lua que despontava.
No alto da montanha, morava um senhor que era tido como guru daquele povo. Era um pouco estranho. Vivia fechado numa casa e corria do contato social, porém lia todos os livros que sempre comprava quando viajava pelos países do mundo. Era tido como um conhecedor. E alguns até o designaram profeta.
Vendo o sofrimento daquele povo e sentindo a dor de cada um tomou uma decisão. Vou convidar o dono desta industrialização para um belo passeio de barco.
Os pescadores se revoltaram com a posição do guru:
- Sempre pensei que ele estivesse do nosso lado.
- Isso é demais. Convidá-lo para um belo passeio de barco?
- Ele nos traiu.
O guru não se incomodava com o falatório. Apenas arrumou o barco e na data e hora marcada esperou o convidado.
- É uma honra para mim, Brutus, estar aqui com o senhor que é tido como um Deus para este povo.
E ele permanecia em silêncio, apenas com um sorriso terno nos lábios.
- O senhor por acaso é mudo? Não me disseram... Ou como Deus não pode falar com pessoas como nós? Não importa! Vou lhe contar o que estou pevendo para esta região. Quero construir espaços onde as pessoas possam se divertir, transformar este lugar em um local de extensa atividade turística. Fazer esta cidade crescer.
Depois de mais ou menos quatro horas navegando pelos mar e já percebendo as reações do convidado disse o guru?
- Está sentindo alguma coisa?
- Estou zonzo, com enjôos e com fome.
- Pois bem. Então desça do barco agora.
- Como assim desça do barco? Eu não tenho colete salva-vidas e nem sei nadar. Você está louco?
- Desça do barco agora.
- Mas eu não conheço o mar não sei o que ele pode acontecer, já está anoitecendo.
- Desça do barco agora.
- Porque o senhor está fazendo isso. Quer me matar? Tenho família. Tenho filhos para criar. Minha esposa nem sabe que estou aqui. Tenho amigos. Tenho uma vida. Não pode me forçar a destruí-la assim. Quem é ò senhor para fazer isso. Pensa que é Deus?
- Não. Eu não sou Deus. E nunca serei. Mas você ao contrário de mim, incorporou o papel dele de maneira errônea. Você tem família, filhos, amigos? Tem esposa? Não pode morrer? Mas porque não pensou nisso quando matou cada um dos pescadores que nesta região viviam? Você não pensou na família deles quando aqui chegou e trouxe mão de obra de fora e nem aproveitou os pescadores. Você não pensou quantas famílias exterminou? Não pensou em quantos você pediu para descer do barco na hora mais difícil da viagem? Pois bem... Eu não vou matar você. Nem vou obrigá-lo a destruir a sua vida. Não sou Deus. Apenas estou dando a você a oportunidade de ver que o mundo é dinâmico.
Em silêncio voltaram para casa. Numa viagem árdua e noturna de cinco horas.
Tempos depois ouvi-se dizer que aquele homem havia criado uma grande cooperativa de pescadores dando suporte técnico e administrando os bens conjuntos. Afinal, percebeu que tudo que era dividido rendia mais.
E Brutus continuava a ler os seus livros no alto da montanha. E o povo sempre a dizer que fôra traído por aquele homem...