Pobre Obra a Tua (Feita em Cobre e jogada na Rua)
(Enterrou as mãos nos bolsos furados da calça velha. Tirou os dez dedos sujos para contemplar as mãos calejadas de catar trecos nas ruas. O mundo ria de sua dor. Cada pobre cum çeus pobrema...)
Pobre não escreve. Junta nos papéis um amontoado de palavras esperando que, com isso, tenha algum sentido. Que alguém vá ler. Alguém lê? Se o faz, pouco -- ou NADA -- importa. Dá de ombros -- quando no muito. Quem se interessa por coisa de pobre?
A obra do pobre abunda: é mato, tem por toda a parte. E até no verbo rima com bunda. Coisa oculta, feia, imunda. Feito pobre.
Pobri dus pobre; tudo mizerávi.
E mais pobre de Vós, que explorais os pobres para que enriqueçais sobre a vida Deles.