INVADIMOS A QUARESMA OU A QUARESMA NOS INVADE?

Na época de São Gregório Magno, em Roma, anos 500 tardios, estava entronizada a Quaresma. Seus quarenta dias sinalizavam o que é hoje sacramentado pelo Vaticano II como melhor significado.

Três primeiros séculos da Igreja era restrito a um jejum realizado nos dois dias anteriores. Os cristãos viviam mais intensamente o empenho do martírio de Jesus e se distanciavam de outros requisitos rituais, de outras necessidades, já que a conversão estava realizada. O batismo já tinha ocorrido. Era maior, contudo, o júbilo da celebração pascal, cinqüenta dias, Pentecostes.

Com a pacificação de Constantino, cessada a perseguição maior, minimizou-se o temor. Iniciou-se a costura de novos ritos.

Era necessário um tempo para reflexão dos fiéis acerca da responsabilidade do batizado havido. Surgiam normas para o período que antecedia a Páscoa.

No Oriente, encontramos os marcas do período pré-pascal, ordenação espiritual para celebração do grande mistério.

Santo Atanásio nas "Cartas pascais",anos 330 e 347, São Cirilo de Jerusalém nas Protocatequeses e nas Catequeses mistagógicas 347, falam dessas épocas conhecidas como historiografia.

Eusébio em De solemnitate paschali fala do "quadragesimo exercitium",

No Ocidente, século IV, testemunham Santo Agostinho para a África; Santo Ambrosio para Milão, entre os mais notáveis.

A quaresma foi sendo construída paulatinamente, tem uma pré-história , ligada a uma praxe penitencial preparatória à Páscoa, que começou a firmar-se desde a metade do século II.

Até o século IV, a única semana de jejum era aquela que precedia a Páscoa . Na metade do século IV, já vemos acrescentadas a esta semana outras três, compreendendo assim quatro semanas.A partir do fim do século IV, a estrutura da Quaresma é aquela dos "quarentas dias", considerados à luz do simbolismo bíblico, que dá a este tempo um valor salvífico-redentor, cujo sinal é a denominação "Sacramentum".

Como Jesus, que passou quarenta dias de retiro no deserto antes de anunciar a vinda do Reino.Que subiu a Jerusalém para cumprir a missão que o Pai lhe confiou: dar a sua vida e ser glorificado.

A Quaresma é um reconhecimento para enraizar mais a marca penitencial de conversão e de mudança interior, largar para trás tudo o que é velho em nós, tempo de assumir tudo o que traz vida para a gente.

É tempo de fazer cessar mágoas existentes, aplainar e aumentar a compreensão dessa passagem breve, tempo de graça e salvação, em que nos preparamos para viver, de maneira intensa, livre e amorosa, o momento mais importante do ano litúrgico, história da salvação, o enlace definitivo com a redenção de nós mesmos.

Páscoa, aliança com Jesus martirizado e vitória sobre o pecado, a escravidão e a morte.

É esta Palavra, martírio, o martírio de Jesus, que ilumina a vida e chama à conversão,e trás certeza na misericórdia de Deus.

Da Quarta-feira de cinzas, onde o simbolismo das cinzas define a purificação, deixemos que A QUARESMA NOS INVADA, SEM FREIOS, com ousadia em revisões, até a Quinta-feira Santa na missa do lava pés.

E como determinou o Papa Paulo VI em sua Carta Apostólica, com anuência às Normas Universais do Ano Litúrgico, dizendo: “O tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor (Quinta-feira santa, à tarde), inclusive”.

“O tempo quaresmal continua até à Quinta-feira Santa. A partir da missa vespertina “in Cena Domini” inicia-se o Tríduo Pascal, que abrange a Sexta-feira Santa “da Paixão do Senhor” e o Sábado Santo, e tem o seu centro na Vigília Pascal, concluindo-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição”.

Que este período seja de renovação em tudo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 10/03/2019
Reeditado em 10/03/2019
Código do texto: T6594597
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