Se eu fosse contar, pensaria em começar pela minha avó. Mas aí pensaria na avó dela e na avó da avó e... Não saberia contar quantas avós seriam necessárias para contar a minha história do começo. E ainda assim isso seria apenas sobre as mulheres envolvidas com o meu nascimento.
Se eu fosse contar sobre como aprendi a andar. Não com 1 ano, mas aos 12, para ir sozinha à escola ouvindo as buzinas, os assobios, os gritos do outro lado da rua "ô lá em casa...." sem desviar do caminho, sem chorar, sem paralisar de medo, quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse contar sobre quando aprendi a falar, não pela primeira vez, mas pela milionésima, sem ser ouvida ou sendo interrompida, até que conhecessem a minha verdadeira voz feminina, infantil, aguda, (fodam-se), quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse contar sobre a minha menstruação, não a primeira, mas a 132° (é, contei), quando eu descobri finalmente - e estou descobrindo - o sagrado e não o sujo, impuro, doloroso processo que me acontece, quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse falar sobre sexo, quantas mulheres eu não citaria e buscaria para ouvir, entender, explicar? Quantas mulheres eu não teria que agradecer pela conexão? Pelo poder falar? Pelo acesso? Tantas e tantas. As que eu conheço e as que eu nunca nem ouvi falar.
Que são quem sou.
Que foram silenciadas e apagadas. Que eram tão grandes que não permitiram que falassem ao mundo. Que eram tão resilientes que esperaram o tempo em que eu falasse por elas e que esperam que as minhas filhas possam falar sem gritar.
Se eu fosse contar tudo, teria que citar todas. É muito. Não sei os seus nomes e não preciso. Elas estão comigo.
Já que eu não vou contar tudo, quero honrar e agradecer aquelas que estão perto. A minha mãe, minha conexão. Minha avó minha ancestralidade. Minhas tias, minha história. Minhas amigas meu apoio. As mulheres que amei, meu aprendizado.
Às ciganas e às negras que fizeram quem eu sou.
Se eu fosse contar sobre como aprendi a andar. Não com 1 ano, mas aos 12, para ir sozinha à escola ouvindo as buzinas, os assobios, os gritos do outro lado da rua "ô lá em casa...." sem desviar do caminho, sem chorar, sem paralisar de medo, quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse contar sobre quando aprendi a falar, não pela primeira vez, mas pela milionésima, sem ser ouvida ou sendo interrompida, até que conhecessem a minha verdadeira voz feminina, infantil, aguda, (fodam-se), quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse contar sobre a minha menstruação, não a primeira, mas a 132° (é, contei), quando eu descobri finalmente - e estou descobrindo - o sagrado e não o sujo, impuro, doloroso processo que me acontece, quantas mulheres eu não teria que citar?
Se eu fosse falar sobre sexo, quantas mulheres eu não citaria e buscaria para ouvir, entender, explicar? Quantas mulheres eu não teria que agradecer pela conexão? Pelo poder falar? Pelo acesso? Tantas e tantas. As que eu conheço e as que eu nunca nem ouvi falar.
Que são quem sou.
Que foram silenciadas e apagadas. Que eram tão grandes que não permitiram que falassem ao mundo. Que eram tão resilientes que esperaram o tempo em que eu falasse por elas e que esperam que as minhas filhas possam falar sem gritar.
Se eu fosse contar tudo, teria que citar todas. É muito. Não sei os seus nomes e não preciso. Elas estão comigo.
Já que eu não vou contar tudo, quero honrar e agradecer aquelas que estão perto. A minha mãe, minha conexão. Minha avó minha ancestralidade. Minhas tias, minha história. Minhas amigas meu apoio. As mulheres que amei, meu aprendizado.
Às ciganas e às negras que fizeram quem eu sou.