FLORES E CHOCOLATES PARA TODAS AS MULHERES



Durval Carvalhal






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            Eu era jurado no Tribunal do Júri em Salvador. Havia um promotor, depois desembargador, que sempre conversava comigo antes dos trabalhos.

            Ele adorava poesia. Certa vez, ele me disse: Durval, já viu essa? Recitou um poema de Guilherme de Almeida. Fiquei encantado e lhe perguntei em que livro estava. Ele disse: no livro Meus Versos Mais Queridos.

            Comprei-o e o li todo, mas não encontrei o poema. Comprei mais uns dez livros e nada.

            Foi a maior ode escrita sobre a mulher, creio. Pesquisei, consultei amigos, até de longe, e nada. Só ficou a lembrança do final apoteótico:


"E FOI ASSIM
ENTRE QUATRO PAREDES
QUE DESCOBRI O ENCANTO DE SER MULHER"

 
Soneto X
(Guilherme de Almeida)

Vou partir, vais ficar. “Longe da vista,
longe do coração” — diz o ditado.
Basta, porém, que o nosso amor exista,
para que eu parta e fiques sem cuidado.

Dentro em mim mesmo, o coração egoísta,
quanto mais longe, mais te quer ao lado;
tanto mais te ama, quanto mais te avista
e, antes de ver-te, já te havia amado.

Vou partir. Para longe? Para perto?
— Não sei: longe de ti tudo é deserto
e todas as distâncias são iguais.

Como eu quisera que, na despedida,
quando se unissem nossas mãos, querida,
nunca pudessem desunir-se mais!
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 08/03/2019
Reeditado em 08/03/2019
Código do texto: T6592956
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