FLORES E CHOCOLATES PARA TODAS AS MULHERES
Durval Carvalhal
Durval Carvalhal
Eu era jurado no Tribunal do Júri em Salvador. Havia um promotor, depois desembargador, que sempre conversava comigo antes dos trabalhos.
Ele adorava poesia. Certa vez, ele me disse: Durval, já viu essa? Recitou um poema de Guilherme de Almeida. Fiquei encantado e lhe perguntei em que livro estava. Ele disse: no livro Meus Versos Mais Queridos.
Comprei-o e o li todo, mas não encontrei o poema. Comprei mais uns dez livros e nada.
Foi a maior ode escrita sobre a mulher, creio. Pesquisei, consultei amigos, até de longe, e nada. Só ficou a lembrança do final apoteótico:
"E FOI ASSIM
ENTRE QUATRO PAREDES
QUE DESCOBRI O ENCANTO DE SER MULHER"
Soneto X
(Guilherme de Almeida)
Vou partir, vais ficar. “Longe da vista,
longe do coração” — diz o ditado.
Basta, porém, que o nosso amor exista,
para que eu parta e fiques sem cuidado.
Dentro em mim mesmo, o coração egoísta,
quanto mais longe, mais te quer ao lado;
tanto mais te ama, quanto mais te avista
e, antes de ver-te, já te havia amado.
Vou partir. Para longe? Para perto?
— Não sei: longe de ti tudo é deserto
e todas as distâncias são iguais.
Como eu quisera que, na despedida,
quando se unissem nossas mãos, querida,
nunca pudessem desunir-se mais!
(Guilherme de Almeida)
Vou partir, vais ficar. “Longe da vista,
longe do coração” — diz o ditado.
Basta, porém, que o nosso amor exista,
para que eu parta e fiques sem cuidado.
Dentro em mim mesmo, o coração egoísta,
quanto mais longe, mais te quer ao lado;
tanto mais te ama, quanto mais te avista
e, antes de ver-te, já te havia amado.
Vou partir. Para longe? Para perto?
— Não sei: longe de ti tudo é deserto
e todas as distâncias são iguais.
Como eu quisera que, na despedida,
quando se unissem nossas mãos, querida,
nunca pudessem desunir-se mais!