MULHERES - UM DIA E TODOS OS OUTROS

 
Ontem, dia 07 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, participei, juntamente com um grupo de mulheres e crianças, de um momento de meditação promovido pelo “Mãos sem Fronteiras” em Lagoa da Prata. Durante preciosos minutos nossos pensamentos se voltaram para todas as mulheres do mundo que lutam por seus direitos, melhores condições de vida e mais paz na construção da igualdade de gêneros.

No dia 08 de Março – dia escolhido para ser lembrado como o Dia Internacional da Mulher, em especial, é dia de refletir sobre as atuais condições da Mulher em nossa sociedade. Não que um dia apenas seja o bastante para isso: todos os dias, são dia da Mulher e merecem ser, não só considerados, mas principalmente vividos e exercitados como tal.

Força, paz, e concórdia são pontos primordiais nesta caminhada de todas as mulheres em busca de seu lugar em sociedades que não reconhecem seus papéis na formação da família, na conquista de um lugar digno no mercado de trabalho ou na importância de conduzir os rumos de um País.

A mulher é delicadeza, mas também é fortaleza, e como tal merece ser vista e tratada por seus pares. Não se quer com isso um sentimento de disputa. A mulher não deseja ser concorrente do homem, mas apenas caminhar com ele lado a lado, em igualdade de condições, sem pesos e rótulos de “sexo frágil” — coisa que absolutamente não é, e sem ter que se submeter às situações humilhantes e de violência, tão comuns em nossos dias.

Os dados sobre a violência contra a mulher são alarmantes. Será que apenas agora se descobriu isso? Certo que não.  A violência doméstica sempre existiu e sabemos que apenas escondeu esses mesmos números alarmantes, como se fosse naturalmente aceitável uma mulher ter que obedecer ao homem ou se curvar calada diante dos maus-tratos recebidos, ainda carregando a culpa para si.

É estarrecedor o cenário de sofrimento e barbárie que as mulheres sofrem todos os dias. A Lei Maria da Penha e a Lei 13.104, sancionada em 9 de março de 2015, conhecida como a Lei do Feminicídio — quando há perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil — vieram abrir as cortinas do muito que sempre se ocultou entre quatro paredes, neste País, quando marcas da violência eram atribuídas à queda na escada ou ao escorregão no chuveiro... E tudo caía no silêncio e no anonimato.

Mas é fato, e como dói essa realidade: todos os dias, mulheres continuam a ser mortas, por companheiros, maridos, noivos e namorados, pelos motivos mais fúteis possíveis. Basta ver um noticiário de tv, ou mesmo prestar atenção ao nosso redor e sempre teremos relatos sobre a violência doméstica. Isso só prova que homens educados em ambientes machistas ainda percebem a mulher como propriedade particular, podendo fazer dela e com ela o que bem quiserem.

A mulher nunca foi, ou pelo menos não deveria ser, mero objeto à mercê das vontades do homem. Ciúme, sentimento de posse, não aceitação do fim do relacionamento, despeito, inveja, inabilidade para lidar com o sucesso feminino, dificuldade para dividir o mesmo território em igualdade de condições, tudo se resume e converge para o famigerado e já cultural machismo que impera em nossa sociedade.

Hoje, se sabe que muitos homens, conscientes da dificuldade em lidar com o próprio machismo já estão se reunindo para levar adiante esta discussão. É pouco? Penso que não. Acho que daí vem o grande passo para uma importante e urgente mudança social. Está mais que na hora de homens e mulheres caminharem juntos, tendo como norteador de suas vidas o respeito mútuo. Não acredito que o futuro nos reserve cenário mais animador, se não houver uma mudança profunda na relação entre os gêneros. E para isso é preciso rever a maneira de educar. Enquanto meninos forem educados para serem superiores às meninas, ainda teremos homens cometendo violência contra mulheres. E infelizmente, não haverá leis suficientes ou eficazes que possam dar conta de movimento tão pernicioso no contexto das relações humanas.