MEUS 74 ANOS

Completei meus setenta e quatro anos de vida muito bem vividos!

Embora meu nascimento numa gravidez materna conturbada, pois, vivíamos em plena II Grande Guerra, com os brasileiros lutando na Itália, derrotando os nazistas em Monte Castelo. Este pesadelo durou desde minha vida intrauterina, passando pelo meu nascimento em Março até Maio com a Vitório contra o inimigo.

Aos quatro anos e três meses, levei um tombo, caindo do telhado duma edícula do quintal lá de casa. Graças a Deus não tive sequelas a não ser uma sutura do meu coro cabeludo. Não me afetou a mente, que muito bem memorizava as lições de catecismo que minha mãe me preparara para minha Primeira Comunhão aos meus cinco anos e oito meses. Haja vista que ainda não era alfabetizado, mas memorizava as lições a ponto de ser sabatinado pelo pároco da Igreja do nosso bairro.

Sendo filho de uma professora, minha mãe se prontificou a lecionar o Primário para os filhos, tendo sido o último aluno dela, quer seja pelo trabalho que eu dera como aluno, quer seja pela modernidade que requeria um aprendizado escolar pelas vias pedagógicas que ha época se fazia necessário. Assim sendo, eu passava por todos os testes de capacidade mental como prova de não haver sequela do meu tombo.

Eu como toda criança não era diferente das outras, e gostava muito de chocolate branco.

Minha mãe dosava o consuma para que eu não enjoasse. Foi aí então que aconteceu o inusitado. Pois, eu achei na geladeira um (tablete) do chocolate preferido. Ao ouvir os passos de minha mãe, tratei de engoli-lo sem saboreá-lo, mas fui flagrado de boca cheia, sendo indagado o que eu estava comendo. Contei-a muito a contra gosto que comia o chocolate branco que estava na geladeira.

Para variar, levei um pito porque aquilo era fermento flechemos. Minha barriga começou a crescer, eu gemia de dor de barriga e a lamúria demorou meses para passar. No quintal lá de casa havia uma jabuticabeira de grande porte, que produzia frutos graúdos, doce, em quantidade até o pé da árvore. Sua produção na temporada era um esperdício e ao degusta-los, tive prisão de ventre a ponto de crise de constipação e intervenção médica.

Entrei na puberdade e por ela passou dispensando comentários, contestando Sigmund Freud!

Aos dezesseis anos comecei a trabalhar. Foi a minha escola da vida, o mundo ao se apresentar com as opções a escolher. A vida começa a ter sentido, os ideais a despontar, as preocupações surgindo, o amor acontece, a paixão a vivenciar, o vício tabagista a dominar, as bebidas alcoólicas descobertas, etc.

Os estudos nada! O namoro promete casamento, surge o emprego liberando o casamento. Os filhos chegando e as despesas surgindo o trabalho promete promoção despertando a vontade de estudar; começo a recuperar o tempo perdido; vestibular, faculdade, formatura, novas colocações promocionais surgindo, novas conquista realizada. Os filhos crescem, os netos aparecem, a aposentadoria chega, as doenças surgem. Estou na contagem regressiva de quem vai chegar nos noventa, só faltam dezesseis anos de vida.

Chico Luz.

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 08/03/2019
Reeditado em 08/03/2019
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