A mala
Li num jornal do Acre, pela internet, um caso que me chamou a atenção.
Uma jovem conheceu um rapaz, boa pinta. Andava bem trajado, carro do ano. Pela aparência bem posicionado socialmente.
Morava num apartamento classe média alta.
Tipo que muitas jovens gostariam de ter. Namorar – e casar.
Nos fins de semana saíam, jantavam em restaurantes finos, de boa reputação. Iam a clubes tomar banho de piscina. Ficaram “de boa”. Gostava de uísque. O de boa qualidade, importado.
Disse à jovem ser de São Paulo, onde residia a família dele. A moça quis saber qual a atividade profissional do namorado.
----- Sou representante de uma fábrica de veículos, é de SP. Aqui na cidade vendo carros para as concessionárias. E ganho boas comissões, além do salário.
A namorada estava feliz. Gostou dele – e rapidamente. O tempo correu, seguiu seu curso.
O rapaz dizia que a amava, que em breve casariam.
Isso entusiasmou mais a jovem, claro. Talvez nem tanto como em tempos passados, as moças (algumas) mantêm vivo no coração a vontade de casar.
Casar na igreja, de branco, com muitos convidados. E uma grande festa. Um “sonho real” para elas.
------ Meu amor – disse o rapaz – quero que você vá a São Paulo conhecer meus pais. Pagarei a despesa da viagem, não se preocupe. Afinal vamos nos casar...
------- Meu Deus, que legal! Irei sim, quero conhecer seus pais... Te amo, de verdade – ela disse, super feliz.
O namoro parecia firme. O rapaz transmitia confiança.
Cinco dias depois, ele disse à moça: ------ Amor, comprei a passagem. A viagem será depois de amanhã, à noite. Te trarei uma mala, é nova, a comprei exclusivamente para a viagem.
------ Que bom, amor, estou emocionada, feliz. Te amo. Jamais esperei encontrar alguém como você.
------- Hoje à noite trago-te a mala, por favor vá com ela... Olha, irei para São Paulo. Lá te esperarei, não se preocupe, sei a hora que o avião vai chegar. Estarei no aeroporto.
No outro dia viajou.
Antes deu a ela uma quantia em dinheiro. A moça foi para o aeroporto, de taxi, com a mala.
Feliz, cheia de esperança. Em Brasília, na fiscalização da Polícia Federal, foi encontrada cocaína. A mala tinha fundo falso. Uma quantidade expressiva de droga. Se passa, o traficante se daria bem. Mas não deu, a casa caiu.
A moça foi presa em flagrante. Levada para o Acre, foi julgada – e condenada a 15 anos de reclusão.
Inocentemente, claro.
Bem, esse caso já tem algum tempo. Creio que ela, a jovem, esteja em liberdade.
O namorado... Bem, ele sumiu, deixando a namorada em maus lençóis.
E que maus lençóis.