Reciclagem das antigas
No bate papo após o almoço entre eu, Jose Carlos de França e a Lucia Pires Pires, lembramos: que no barulho das ferraduras do cavalo batendo no calçamento de paralelepípedo ou levantando poeira na estradinha de chão batido, o carroceiro batia com o cabo do relho na carroça e dizia:
“garrafa vazia, ferro velho. Compra osso, vidro quebrado, cama velha, fogão velhooo...”.
Era um dizer musicado, que todos nós gostávamos de repetir e que nos fazia correr pra juntar nossos kits de produtos e por naquela balança que, com certeza, não tinha precisão, tara justa nem nada, mas as moedinhas arrecadadas eram de nossa propriedade e dariam pra comprar guloseimas, no armazém do seu fulano, que ficasse mais próximo.
Então nos demos conta de como nossas vidas eras iguais (será que ainda é?), já que o refrão do carroceiro e a correria das crianças em busca dos kits se repetia no Morro Santana, na Barra do Ribeiro e em São Luiz Gonzaga.
Lembrei que teve um momento da minha vida, que tinha muito medo desse carroceiro, pois quando ele chegava perto de casa musicando seu refrão meu irmão mais velho complementava -... e tudo que é velho. Vou vender a velha Maria (minha mãezinha). Dai eu abria o berreiro, talvez imaginando minha mãe indo embora naquela carroça, o que sempre acabava em risadas dos adultos e uns “para-te-quieto” pra mim.
A Lúcia lembrou que nossa ação de juntar ossos, vidros quebrados e outras quinquilharias que pudessem ser vendidas, mesmo que só na nossa imaginação, ao homem do ferro velho, nos levavam a um ato ecologicamente correto, já que nossas ruas, campinhos, riachos, poças d’água e nosso próprio pátio estavam sempre limpinhos.
Fiquei aqui pensando se é o caso de voltar à compra individual de produtos recicláveis, já que estamos ajudando muito pouco ou quase nada nosso pobre planeta, basta olhar pela janela, para o lado, para dentro...
Recordar é viver e refletir!