Sapateiro Sertanejo

Enquanto batia na sola, fumando seu cigarro de palha, um sapateiro lá da minha terra, nos anos sessenta, ficava ouvindo o papo de uma curriola de rapazotes que gostavam de bater ponto na sua "tenda" que funcionava ana sua própria casa. O velho sapateiro quase não falava. Mas quando alguns de nós começávamos a falar em coragem, tirar onda de brabo, demonstrar valentia..., ele parava de bater na sola, dava auma tragada no cigarro de palha e dizia:

- Minino, é facim, facim sê valente da boca pra fora ou intão sê valente contra quem num pode reagir. Falá e num fazê ou batê em quem não pode se defendê é faci, maizi é covardia braba.

Ele voltava pra solae agente parava de conversar sobre valentia e ficava com vergonha de acunhar os pobres bêbados e aluadosda cidade. Diziam que ele quando era novotinha vivido um tempo junto co os caganceiros. O velho sapateiro nunca confessou isso publicamente. Mas as pessoas falavam disso, mas baixinho, quase cochichando. Mas um dia eu e um amigo, este um cara muito disposto, fomos levar uma bola Drible número cinco para ele consertar, a bola ficava novinha , e depois que ele terminou o serviço, pagamos, o eu amigo resolveu perguntar a ele se era verdade que os caganceiros tinham um medo danado da volante da polícia. O velho riu e pela primira vez falou um pouco sobre cagancero e volante:

- Oli, minino, in todo canto tem caba mole e valente. Fique certo, todo home tem medo. Agora pelo que sei qem se cagava de medodos cangacêros era os macaco da puliça.

Mais não disse e nem foi perguntado. Nunca espalahamsos essa confidência. Durante o tempo que viveu nunca ninguém viu o sapateiro alterar voz e nem se indispor com ninguem. A polícia nao mexia com ele, nem ela e nem os valentões, nem passavam na calçada da sua casa. O velho era respeitadíssimo.

Sempre que me deparo com algupem do bocão e que gosta de tirar onda de valente ou de perseguir e humilhar que não pode se defender lembr do sapateiro do sertão. Ele sabia das coisas. E falava bem baixinho. Inté.