BOLA PRETA

TRADIÇÃO DE CARNAVAL - Em 1917, rompimento com o tradicional Clube dos Democráticos, fundado em 11 de janeiro de 1867, daí grupo inicial de 18 amigos fez surgir o bloco "Só se bebe água", em 31 de dezembro de 1918; no ano seguinte viraria o "CORDÃO DA BOLA PRETA", mais antigo bloco carnavalesco do Rio - todos os anos, no centro da cidade, cortejo de mais de um milhão de pessoas... que teve grandes nomes da cultura e da boemia, como o poeta e ator MÁRIO LAGO, compositor CARTOLA, cantora ELIZETH CARDOSO e NEGUINHO (antes de ser da Beija-Flor). ----- O 'batismo' foi uma provocação, pois o então chefe de polícia (o mesmo chato de "Pelo telefone"...) acabara de proibir /distraiu-se ao esquecer que NADA em 'otoridade' política é duradouro.../ a formação de blocos; no estatuto desse grupo, a palavra "cordão". A bola preta era da fantasia de uma pierrete e os fundadores, reunidos num bar na Galeria Cruzeiro (onde hoje existe o magnífico edifício Avenida Central), viram a bela moça e gritaram: "Temos o nome!" ----- Esta é estória popular, porém num depoimento no Museu da Imagem e do Som os fundadores decidiriam quem poderia entrar no cordão - quem recebesse todas as bolas pretas na votação, poderia entrar. ----- O colunista IBRAHIM SUED raptou a expressão "bola preta" para sua coluna diária. ----- Em 1935, o hino oficial, "Quem não chora não mama", dos autores VICENTE PAIVA e NELSON BARBOSA. Em 1950, título de Utilidade Pública. Em 2003, título de Patrimônio Cultural do Povo Carioca. Em 2016, participou da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos. Em 2018, centésimo desfile. ----- O BOLA, tradicional abertura do carnaval carioca, símbolo de resistência, atravessou a metamorfose do carnaval de rua, que foi murchando, caindo de muita euforia para a decadência a partir dos anos 70; nos outros dias, deserto o centro da cidade... Retomada nos anos 2000, com desfile de sete horas de duração em 2005; novo recorde em 2012, reunidos cerca de 2,5 milhões de foliões; em 2017, baixou para 1,5 milhão de pessoas. ----- Durante décadas, desfiles no chão, a banda acompanhando os dançarinos, marchinhas e sambas cantadas sem amplificação, poucos carros que eram artigos de luxo participando; teve anos com carros alegóricos, puxados por burros no início do século XX, na década de 1980 motocicletas abrindo caminho, caminhões e oito trios elétricos em 2013... e começaram musas, rainhas e princesas - nem sempre beldades femininas, pois houvera "Frederica Augusta, a Coração de Leão", no posto de Rainha Moma criado em 1935, irreverência brincalhona com a criação do Rei Momo oficial. Esta era um homem bigodudo, 'rainhas' homens até 1960, eleita a primeira mulher em 1961. ----- Pela sede histórica do BOLA, passaram muitos nomes importantes da música, muitos prefeitos e gente conhecida, como bicheiros que durante anos mandavam no carnaval carioca. E o BOLA, inatacável, continua rolando.........

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FONTE:

"Vem pros 100 anos, meu bem" (nome de um livro de crônicas variadas) - Suplemento "Rioshow" - Rio, jornal O GLOBO, 19/1/2018.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 03/03/2019
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