O nascimento, a música e a dança
E chegou o dia de visitar a sobrinha-bisneta (definitivamente tô FICANDO velha), Maria. Antes passei na loja, para comprar uns mimos, tanto pra Maria como para seus pais, pois eles merecem.
A moça que me atendeu no balcão de pacotes pra presentes iniciou um dialogo, dizendo que o mês estava terminando e que não gostava de carnaval. Disse a ela que agora o carnaval não diz muito pra mim, mas que na idade dela eu aproveitava todos os minutinhos. A menina ainda me disse que não gostava de dançar. Falei que eu adorava dançar, mas que casei com uma pessoa que não gosta. Ela disse que o namorado gosta muito de dançar e que, inclusive, é integrante da bateria de uma escola de samba, mas que ela só vai nos ensaios para agrada-lo. Concluiu dizendo que quando tinha quinze anos e não podia sair, era o que mais queria, agora que tem liberdade não gosta mais. Dei meu adeus a ela com o velho ditado “Deus dá asas pra quem não sabe voar”.
Fiquei lembrando do que a música e a dança representaram na minha juventude. Ficava contando as horas para que o final de semana chegasse logo, pois junto com ele vinham as reuniões dançantes nas garagens e os bailes na sede do clube. Lembrei das parcerias de fé, da volta despreocupada pra casa. Algumas vezes, batíamos na janela de uma padaria que ficava na esquina, pra ver se já tinha pão assado. Até minha mãe participava do festerê e algumas vezes nos esperou lá pelas cinco da matina, com um bom café pra toda turma lá em casa.
Dançar, ah dançar, amava aquela leveza, aquele rodar, aquele suar, aquele cansar. Tá certo que tinham alguns pares que a gente era meio que obrigada a aguentar, já que era proibido dar “carão”, mas quando o par dava certo...
Carnaval, sem descanso? Fiz isso uma vez só e cai, literalmente, durinha no banheiro, não consegui ir trabalhar, isso sem bebida alcoólica, só no cansaço físico mesmo.
A moça do pacote de presente não sabe que a vida passa rapidinho e o aproveitar faz muita diferença.
Toda esta recordação gostosa graças a pequena, linda, amada e perfumada Maria. Que a vida lhe traga muitas alegrias, na forma de dança, de música, de festa, de risos, de cores!
Porque vale a pena viver!