Introspecção Passageira

Sabe aque dia que você amanhece, como se dizia no sertão, de ovo virado? Nervoso, jururu e chato paca? O tipo do dia também que foi maravilhosamente descrito por Zeca Baleiro: "Hoje estou tão à flor da pele quer qualquer beijo de novela me faz chorar".

É vero, há dias que a gente se acorda sensível demais: caladão, irritado e triste. Um porre. A primeira pista é que o humor desaparece, nem fome a gente sente. E haja os famosos cacoetes. Levanta e mediatamente voltar se deitar. Nada nos interessa. Sabemos que cairia bem uma lapadinha esperta para calibrar os nervos, mas naoqueremos beber, seria apelar para um expedente menor, é preciso continuar chato. Só não entendemos a finaçidade e nem o motivo. Dizia um amigo meu - já falecido -que isso era uma fase de introspecção passageira. Esse amigo era o cão chupando manga em psicologia e outras ciências, de vez em quando ficava chato. Uma irmã que so me chama de Nêgo do Beição (e eu a ela de Nêga da beioçola), muitofranca e direta quando me vê assim diz: - Isso é pura frescura. Mesmo no auge da tal introspecção passageira (prefiro essa expresão chique à frescura ra e simples) nunc revidei ao ouvir o diagnóstico da irmã.

Felizmente esse período de frescura ou introspecção passageira é breve, basta ouvir uma música lá longe no rádio de alguém ouu o som que vem da rua que desperto e volta o humor, aí lembro do samba de Gonzaguinha: "Viver e não ter vergonha de ser feliz". Caio na real, a ficha cai e volto a minha vidinha comum que adoro. Inté.

P.S. Quando minha esposa, que estava ligada na tevê, me disse que o maquinista do trem que passou sete horas preso na engrenagens, havia morrido, marejei os olhos00, chorei. Fiquei pensando nas nossas briguinhas e divergências miúdas, e muito em breve vamos esquecer mais um drama. O carnavala anão pode parar.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/02/2019
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