Ensaio

E N S A I O

PENSAMENTO ARTICULADO

No começo dos tempos, quando o homem ficou em pé, quando saiu para caçar e prover seu sustento, havia um emaranhado de duvidas em seu cérebro. Ele pensava, e não sabia que pensava. Aquele, e muitos outros pensamentos não lhe serviam de nada, a não ser para cuidar de sua própria segurança, por instinto. Nos demais elementos do bando ou grupo de pessoas, cada um tinha sua própria linha de comportamento. Não havia unidade no bando, não havia detalhamento de ações, de estratégia. Talvez o mais forte se impusesse como líder, sem nem mesmo saber a importância de seu domínio sobre os demais.

Não havia a palavra falada, não se manifestava o pensamento articulado. A comunicação dava-se por mímicas, por linguagem gestual, acenos e gritos afônicos. Era difícil o entendimento entre os pares, entre as famílias, entre todos os membros do aglomerado de pessoas que se conheciam, que conviviam sob o abrigo da mesma caverna.

Com o passar do tempo, aquele alvoroço foi, em decorrência da inteligência latente, transformando-se em palavras, pequenas que fossem. Deu-se nesse momento, o inicio da comunicação entre os afins. Vagarosamente a vida foi se tornando mais fácil, ou pelo menos, mais discutida, mais elaborada. Assim como os animais irracionais, o homem lutava e matava para sobreviver. A lei da selva apresentava-se em todo o seu vigor, moldando a matéria prima bruta no sentido da preservação da espécie.

Como não havia moeda, não havia ambição, nem a necessidade de acumular. Guardar carne para os dias seguintes, nem pensar, o freezer estava longe de ser inventado. Também comiam os frutos que a natureza doava. Alguns eram e continuam sendo, venenosos. Houve muita morte por ingestão do desconhecido.

No continente africano, eles andavam nus, em virtude do calor e da ausência do pudor. Quando caminhavam, as mulheres balançavam os peitos e os homens os penduricalhos. Havia o acasalamento da mesma maneira como fazia os tigres, zebras, peixes e tantos outros. A força do sexo sobrepunha-se ao raciocínio. Até hoje é assim, só mudou a forma, a embalagem. A natureza agressiva caminhou até os dias atuais. A cordialidade demorou milhares de anos para aflorar no comportamento da sociedade. Se o homem era obrigado a matar a caça para sobreviver, que espaço havia para a cordialidade? Havia, talvez, uma pálida manifestação sincrética.

A roupa veio guardada no alforje do conceito de pecado. Quem inventou o pecado? O misticismo, e como somos místicos, também criamos a culpa, a vergonha, a penitência, e, sem duvida, o esquecimento. Depois, uma mente inteligente e ambiciosa, criou a confissão, o castigo (penitencia: um pai nosso e três Ave Maria) e o perdão.

• As mulheres afunilaram os peitos em formas de tecido, e os transformaram em seios, só que escondidos, ou parcialmente ocultos com o intuito claro de chamar a atenção do macho conspícuo. O emaranhado de duvidas continuou, apenas houve uma mudança de conceitos, de duvidas, de resultados para o que foi pesquisado. Houve um tremendo avanço cultural, clássico e adstringente, produzido pela rapidez dos acontecimentos. A curiosidade como marca registrada do ser humano, o induziu à pesquisa que resultou na invenção e produção de microscópio, e tantas outras ferramentas laboratoriais.

Entramos na era da observação científica, do conhecimento, das descobertas acadêmicas. A medicina evoluiu, a engenharia deu passos agigantados, o homem foi pra lua, fazer o quê, ninguém sabe, nem mesmo a NASA; pura vaidade, a fatuidade de proclamar:_chegamos primeiro... Se o nosso planeta já é grande demais pra nós, qual a necessidade de ir procurar paragens insalubres? Estão pesquisando os elementos químicos que formam as rochas lunares. Os cientistas vão dizer, e com toda razão, que sou ignorante, que não entendo absolutamente nada de ciência, de pesquisa, e terão toda razão; não entendo mesmo, nem quero entender; já temos rochas demais em nosso ambiente. Não vejo motivo para importar mais um pedacinho de pedra, “importar por um preço ---lunático---“

Os tempos mudam, o homem evolui, desenvolve-se mentalmente, o cérebro fica mais refinado, o raciocínio mais rápido e evolve em direções nunca antes imaginadas. Ficamos mais altos, mais eretos, exuberantes como uma orquídea altaneira destacando-se na floresta virgem. Passamos a exigir uma porção de coisas factuais, como se fossem indispensáveis, apenas para garantir conforto e status, ou seja, leviandades.

Saltamos, num piscar de olhos, das cavernas para as naves espaciais. No solo de profundas cavernas escuras deitamos nossos “tacapes e brandimos o “raio laser””.

E nelas estamos comodamente acomodados como se nelas tivéssemos nascido, como se sempre elas nos pertencessem; elas, as cavernas, sofreram um processo de reestruturação, de aperfeiçoamento e acabamento com finos materiais comprados na loja da esquina.

PENSAMENTO ARTICULADO, EVOLUÇÃO GARANTIDA.

Nascemos navegantes, desbravadores, pesquisadores;

Sempre fomos

Continuaremos sendo

“cientistas”.

Estou pensando seriamente em “azeitar” meu arco e flecha; aquele que comprei na Amazônia, como

ARTIGO DE DECORAÇÃO.

Anchieta Antunes -

Gravatá - 06/02/14.

Anchieta Antunes
Enviado por Anchieta Antunes em 26/02/2019
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