Dia 25 de janeiro de 2019 marca uma nova fase da vida do mineiro e porque não do brasileiro. Numa cidade pacata de Minas, onde o tempo corria devagar (apesar do minério voar como vento), a cruel mão do homem, fez um estrago incalculável. De repente, numa correria contra o tempo, estavam eles, entre a vida e a morte. Tão fugaz, tão pouco solene. Num lugar sagrado, onde as pessoas se sentavam para partilhar o alimento, estava ele pomposo, silencioso, sendo encapsulado para ser rejeitado, sem destino. Até que, numa distração de alguém que deveria controlar as falhas de uma engenharia pouco “engenhosa” ele se desprendeu violentamente e foi um criminoso. Aos gritos de “Senhor tenha Misericórdia”, dezenas, centenas, sem saber ao certo porque, fugiam de uma natureza devastadora, insana, amedrontadora, mortal.
Quem eram aquelas pessoas que corriam ao encontro da vida, incansavelmente, ao mesmo tempo que viam ao redor, outras dezenas sendo arrastadas por uma correnteza enlamada, recheda de sangue humano labutador, de gente que via a vida passar na tranquilidade, de quem trazia a notícia de um novo filho, de quem estava descansando entre as montanhas e queria conhecer o Museu de Inhotim. De quem decidiu abrir mão da vida lá fora, da violência, da cidade grande para albergar em terras calmas, acolhedoras aonde um café era servido com rapadura. Gente que conheceu no trabalho e descobriu o amor e agora dois órfãos de 10 meses ficaram à mercê deste mundo onde a crueldade se instalou sem vergonha. Gente que fez do turismo o seu ganha pão e recebia na pousada, como se o fizesse em casa, sem rodeios. Por que aquele lixo tóxico (lama é saudável não podemos apelidar os rejeitos como anões da bondade) se depreendeu e carregou tanta história, tanta memória?Quem estava preparado. Sequer sabiam da gravidade e da pretensão de uma empresa tão evidente no mercado das ações em, corajosamente, assumir o risco de deixar bem perto de uma barragem, uma estrutura administrativa de uma empresa que Vale (ia). A Vale pagou pra ver e foi caro. Não houve prestações, nem haverá indenização que devolva a funcionários e moradores daquele lugarejo a sua história. A natureza agora afoga e se contamina deste mal que se alastrou sobre as suas entranhas e que matou gente, matou animais, matou a vontade, a verdade, matou... O número de mortos e desaparecidos não será apagado com a prisão de 5 ou 6, nem de 100. Cada vida vale tudo, cada vida é vida. E cada VALE não paga a vida. Não teremos mais os pais se abraçando, os filhos trocando mensagens, os cachorros na rua; não teremos mais o riso frouxo de quem amou sem medida e no vestiário cantou “ainda se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for...”. As sirenes que tocaram no domingo para avisar sobre a possibilidade de um novo rompimento, não mataram gente, mas mataram os sonhos de quem passou a vida toda vendendo o seu suor pelo direito a um pedaço de chão, que agora, mesmo que os heróis da nação vestidos de vermelho com lágrimas nos olhos e cansaço na face, talvez nem sejam enterrados. Aliás, de tudo, o que sobrou daqueles que oram foi a dignidade, porque cada um que a terra enterrou, de forma drástica, por causa de uma economia barata, lutava pelo pão de cada dia; Quando a noite cair, o céu se apagar, haverá sempre alguém a lembrar que foi com sangue que Brumadinho quitou a sua maior dívida: pertencer há um cenário onde o minério era tão rico que se envaidou. As lágrimas não resumem a dor. Porque a alma que chora dá um grito e de agora em diante #nãosomostodosBrumadinho #somostodoshumanosemlagrimas e esta nação vai se reestabelecer por uma causa justa: a memória de cada um que deu a sua vida, nos dois sentidos. O luto aqui é uma bandeira e a sua cor é verde, amarela, azul e branca! #olutoaquiéluta #alutaaquiéluto E a mente acelerada insiste: cadê o pai do Matheus? Cadê o Luiz irmão do Pedro? Cadê a Elaine que trazia um neto para a Lúcia? Cadê o João filho do Sr Francisco? Cadê o Felipe, meu amigo? Cadê aquele povo todo? Cadê? Cadê? A lama engoliu e devolve como se fosse rejeito, despedaçado, mutilado para um vale de lágrimas...
Quem eram aquelas pessoas que corriam ao encontro da vida, incansavelmente, ao mesmo tempo que viam ao redor, outras dezenas sendo arrastadas por uma correnteza enlamada, recheda de sangue humano labutador, de gente que via a vida passar na tranquilidade, de quem trazia a notícia de um novo filho, de quem estava descansando entre as montanhas e queria conhecer o Museu de Inhotim. De quem decidiu abrir mão da vida lá fora, da violência, da cidade grande para albergar em terras calmas, acolhedoras aonde um café era servido com rapadura. Gente que conheceu no trabalho e descobriu o amor e agora dois órfãos de 10 meses ficaram à mercê deste mundo onde a crueldade se instalou sem vergonha. Gente que fez do turismo o seu ganha pão e recebia na pousada, como se o fizesse em casa, sem rodeios. Por que aquele lixo tóxico (lama é saudável não podemos apelidar os rejeitos como anões da bondade) se depreendeu e carregou tanta história, tanta memória?Quem estava preparado. Sequer sabiam da gravidade e da pretensão de uma empresa tão evidente no mercado das ações em, corajosamente, assumir o risco de deixar bem perto de uma barragem, uma estrutura administrativa de uma empresa que Vale (ia). A Vale pagou pra ver e foi caro. Não houve prestações, nem haverá indenização que devolva a funcionários e moradores daquele lugarejo a sua história. A natureza agora afoga e se contamina deste mal que se alastrou sobre as suas entranhas e que matou gente, matou animais, matou a vontade, a verdade, matou... O número de mortos e desaparecidos não será apagado com a prisão de 5 ou 6, nem de 100. Cada vida vale tudo, cada vida é vida. E cada VALE não paga a vida. Não teremos mais os pais se abraçando, os filhos trocando mensagens, os cachorros na rua; não teremos mais o riso frouxo de quem amou sem medida e no vestiário cantou “ainda se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for...”. As sirenes que tocaram no domingo para avisar sobre a possibilidade de um novo rompimento, não mataram gente, mas mataram os sonhos de quem passou a vida toda vendendo o seu suor pelo direito a um pedaço de chão, que agora, mesmo que os heróis da nação vestidos de vermelho com lágrimas nos olhos e cansaço na face, talvez nem sejam enterrados. Aliás, de tudo, o que sobrou daqueles que oram foi a dignidade, porque cada um que a terra enterrou, de forma drástica, por causa de uma economia barata, lutava pelo pão de cada dia; Quando a noite cair, o céu se apagar, haverá sempre alguém a lembrar que foi com sangue que Brumadinho quitou a sua maior dívida: pertencer há um cenário onde o minério era tão rico que se envaidou. As lágrimas não resumem a dor. Porque a alma que chora dá um grito e de agora em diante #nãosomostodosBrumadinho #somostodoshumanosemlagrimas e esta nação vai se reestabelecer por uma causa justa: a memória de cada um que deu a sua vida, nos dois sentidos. O luto aqui é uma bandeira e a sua cor é verde, amarela, azul e branca! #olutoaquiéluta #alutaaquiéluto E a mente acelerada insiste: cadê o pai do Matheus? Cadê o Luiz irmão do Pedro? Cadê a Elaine que trazia um neto para a Lúcia? Cadê o João filho do Sr Francisco? Cadê o Felipe, meu amigo? Cadê aquele povo todo? Cadê? Cadê? A lama engoliu e devolve como se fosse rejeito, despedaçado, mutilado para um vale de lágrimas...