AS BRUMAS DA TRANSCENDÊNCIA
Na nota do autor do seu livro “A Profecia Celestina” James Redfield escreve sobre um novo conhecimento nascendo entre os humanos. Na sua visão, essa nova consciência só pode ser chamada de transcendência espiritual. O livro tem o prefácio escrito por Paulo Coelho.
Concordo que existe essa busca pela transcendência. Na literatura das últimas décadas há avalanches de ensinamentos. Alguns sugerem até desvendar “segredos”. Agora sou eu quem recorro a Paulo Coelho. Que desbravou e fez uma espécie de apresentação ao mundo do venerado Caminho de Santiago. Percorrido por peregrinos desde o século IX.
Desde as cavernas, nossa evolução foi nos distanciando da transcendência espiritual. Nossos deuses e divindades não foram criados pelo conhecimento da consciência transcendente. Eles são frutos dos nossos temores. Desta vez, recorrendo a obra-prima de Marion Zimmer Bradley, o caminho da transcendência perdeu-se para sempre nas brumas quando nosso temor venceu a batalha do nosso inconsciente.
Alguns aspectos da nossa evolução deixam claro que não fomos forjados para alcançar o nível alfa da espiritualidade. Desde os simples até os mais complexos. As convenções e as crenças criadas pelas sociedades mesmo parecendo ser o contrário, deixam poucos desvios na rota. E a sociedade é implacável com os que ousam preferir os desvios.
Se fosse possível montar uma imagem do mundo mostrando a quantidade positiva e negativa de cada ser humano do planeta seria uma catástrofe global. Não seriam poucos os que se atirariam da primeira ponte que encontrasse. Talvez, levando junto o livro sobre transcendência espiritual que estivessem lendo.
Foi a evolução quem moldou a maneira como usamos os nossos sentimentos. Jamais somos totalmente verdadeiros quando fazemos uso dos sentimentos bons. Eles nos induzem a falsidade, além do seu prazo de validade ser curtíssimo. Já quando destilamos nossos sentimentos maus estamos sempre sendo 100% verdadeiros.
Se de fato ela existir, e quisermos encontrar a transcendência espiritual, teríamos de voltar as cavernas e refazer toda a nossa evolução. Diante desta impossibilidade, vamos nos apegar a ficção. De repente, alguém tateando nas brumas encontre o caminho. Aqui acaba a ficção e voltamos a realidade. Alguns milhares de humanos certamente seguirão o descobrir.
Transcender é ir muito além do hipotético paraíso. Na transcendência seríamos capazes de produzir milagres em profusão. Sem precisar recorrer a divindades ou hipnotizados a pagar por eles. Então entraríamos na cilada humana. Com os milagres a nossa mercê, começaríamos a usá-los da mesma forma que usamos os sentimentos. Em pouco tempo na transcendência, estaríamos “destilando milagres” 100% contra nossos desafetos.