AS WALQUIRIAS

Hoje está fazendo uma agradável noite de chuva, propicia para se dormir bem., trovões ressoam lá fora, fazendo-me lembrar do filme Memórias no front, de Erick Marie Remarque; se bem me lembro, é claro. Relâmpagos riscam o céu, fazendo-me lembrar de minha infância, meus sacis e Mboi-tatás, mais um trovão retumba freneticamente, parecem-me as risadas de Thor e das sensuais Walquirias em um jogo de eterna sedução.

A noite negra entra neste meu quarto medieval, e as historias criam vida própria, preparo minha cama, pois quero dormir rapidamente para poder sonhar com Vahalla, e assim ver meus sonhos criarem vida. Quero conversar com Odim, fazer um duelo amistoso com Thor, depois andar a cavalo por entre as nuvens com as Walquirias.

Se for possível, quero me apaixonar por uma delas, e dentro de meus sonhos mais íntimos fazer de conta que a estarei trazendo a minha realidade concreta; pois sou humano, e o virtual pertence aos deuses.

As nuvens carregadas agora despejam água, eu sei que são bênçãos de Odim que alegre brinca com a mãe natureza, que em concluiu com ele fazem me dormir melhor.

O vento assobia uma melodia em minha janela, parece as Walquirias me chamando...Me chamando...Me chamando...

Meus sonhos são lindos, elas a meu lado me agradando, me cativando, enquanto Thor caça faisões para nosso jantar. A minha escolhida serve me em uma taça de diamantes um vinho celestial, e suavemente sussurra em meu ouvido uma canção de acasalamento, pétalas de rosas vermelhas são jogadas em nosso leito nupcial, numa transmutação tridimensional o amor parece fluir de nós, é tudo tão bonito nesta hora, as nuvens coloridas, os raios gamas...

Minha cama balança freneticamente ao som de uma valsa invisível e inaudível aos ouvidos dos humanos, mas audível para aqueles que amam verdadeiramente, o amor cria forma numa realidade nuclear, e as estrelas se expandindo...se expandindo, e engolindo outros planetas, a minha cama balança mais e mais e o meu reino celestial vai se esvaziando, sumindo de minha mente, e meu sonho vai , vai embora com meu sono.

Acabei de acordar, pois tinha deixado a janela aberta e a chuva fria de inverno, e o vento glacial acabaram entrando em meu quarto, acordei com frio e quase molhado.

Agora que estou acordado e a noite é alta vou terminar de ler o romance das Walquirias.

Fim

*J.L.BORGES