Em transe, gente!
"Quando acordou, em meio àquela multidão, sem saber ao certo o que tinha acontecido à sua volta, enxergando à sua frente um monte de pontinhos prateados, com a sensação de um saco de concreto na cabeça, e uma dor que parecia ser causada por uma fricção de agulha de crochê sobre o cérebro, respirou fundo e disparou:
- Em transe, gente!
O guarda que a vigiava desde a sua chegada triunfal, vestido de gala, fino e alto salto e bolsa de verniz, naquele espaço aberto, sob a inluência do àlcool, vendo no banco da praça, um especial flat com uma cama de se dar inveja em ser humano, e convocando para um belo sono com teto à mostra, se ofendeu:
- Intransigente, eu? Depois de ficar aqui procupado com a sua segurança, medo de que fosse violentada, por causa da falta de vergonha, e dos excessos cometidos numa noite d elua cheia, ouço esse agradecimento? Procure a sua turma desaforada e desequilibrada.
E virando para a multidão que assitia a desgraça alheia com alegria, soltou a voz:
- Circulando! Vamos procurar um servicinho. Circulando!
Agressivamente impulsionava os que ali estavam um a um. A moça chique, ainda zonza, e cambaleando pela praça, deixou fugir um pensamento em palavras retardadas:
- Por isso que bebo... Língua portuguesa maldita! Oh praga. Deixa pra lá!