Domingo
Domingo é um dia interessante. E nem é só porque, para algumas pessoas, existe a chance de levantar tarde e ficar em casa de boa, sem passar raiva no trânsito ou nas filas da vida... Domingo é dia de preparar uma comida diferente, aquela que não dá tempo de preparar durante a semana. Consequentemente, o risco de você fazer uma comida deliciosa e alguém chegar de surpresa também existe, e é grande...
— Põe mais água no feijão!
Ah, se fosse só isso...
Para evitar alguma surpresa, o domingo proporciona a chance de organizar um almoço em família ou com os amigos. Aí é complicado, pois nem todos estão de boa no domingo; aí tem que ver na agenda o dia que todos vão estar sem compromisso para se reunir. Acertado esse detalhe, começa os preparativos. E são tantos os preparativos, que de repente, o relógio marca 14 horas! Lá se foi boa parte do domingo, dia de descansar um pouco, recuperar o fôlego perdido em mais uma semana exaustiva de trabalho...
Resultado: o almoço especial vai ficar pronto lá para o meio da tarde. Horário em que todos já estão de pernas bambas de fome, horário em que pouco importa se o feijão vai antes ou depois do arroz... Mas o domingo tem uma característica exclusiva para as reuniões em família e você descobre que pode ser um profissional multitarefas. Se você está próximo de alguma panela, vira o garçom:
— Serve um pouco de salada...
— Eu quero um pouco de maionese...
— Não precisa encher muito o copo...
Aí você faz o serviço de garçom e ainda tem que ouvir, da boca daquela pessoa que fica por último, tentando terminar a comida:
— Eu só queria um pouco, nem estava com muita fome e você acabou enchendo o meu prato...
O jeito é respirar e contar até dez para não responder que ela poderia ter se servido muito bem e evitado a crítica.
São esses elementos que tornam o domingo um dia interessante. Afinal é o único dia da semana que podemos ser qualquer coisa: cozinheiro, garçom, babá, domingueiro, visita, anfitrião e, quem diria, crítico gastronômico!