Maltrqçada de Domingo

Declamador de Poesia

Todos temos um sonho não realizado; mesmo as pessoas que parecem mais realizadas, têm sempre uma frustraçãozinha incomodando lá dentro no mais profundo do seu âmago por não terem alcançado algo que desejaram muito, às vezes algo até sem nnhuma sifnificação econômca, de ascensão social, poder... Na verdade, sejamos francos, todos teos uma certa inveja de outras pessoas que numa determinada atividade são o cão chupando manga. Queríamos ter aquela vocação, mas ficamos só no desejo. Certo? Absolutamente certo.

Já disse várias vezes que uma das minhas maiores frustrações é não sabwer tocar nenhu instrumento musial (até bater na caxinha de fósforos não aprendi) . E nem sem cantar, nem no banheiro, desafino até assoviando. Por isso admiro demais - e einvejo demais -quem tocar e cantar.

Mas tenho outra grande frustração, hermanas e hermanos, e essa frustração se refere a um dom que era muito elogiado e apreciado nos anos dourados: a arte de declamar poesia, Havia oessoas, nodamente ovens, que eram experts nisso, Coo eu as admirava e invejava! Adoro poesia - semore adorei - leio muito essaramo da literatura. Mas anão levo o menor jeito para declamar. Pelejei, confesso, mas nunca consegui. Um dos meus amigos era um verdadeiro craque na arte de declamar e por isso era muito aplaudido emtoda festa que declamava. Acho que em certos momentos era mais importante que o prefeito, o juiz e os padres. Tem mais: as moças vibravam com as declamações dele. Um dos poemas que ele mais declamava era "Navo Negreiro" de Castro Alves, quando declamava um trecho e finalizava com aqueles versos célebres:

"Fatalidade atroz que a mente esmaga!/ Extingue nesta hora o brigue imundo,/ O trilho que Colombo abriu na vaga,/ Como íris no pélago profundo!/ Mas é infâmia demais!Da etérea plaga/ Levantai-vos heróis do Novo Mundo./ Andrada! Arranca esse pendão dos ares!/ Colombo! Fecha a porta dos teus mares".

Podem crer as palmas comiam no centro. O mesmo ocorria quando ele declamava alguns versosdo Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, as pessoas vibravam demais no final desta estrofe:

"Atrás de portas fechadas/ à luz de velas acesas,/ entre sigilo e espionagem/ acontece a Inconfidência./ Liberdade, ainda que tarde/ Ouve-se em redor da mesa./ E abandeira ja está viva/ Esobe na noite imensa./ Eos seus tristes inventores/ Já são réus - pois se atreveram/ a falar em Liberdade./ Liberdade, essa palavra/ que o sonho humano alimenta/ que não h´pa ninguém que explique/ e ninguém que anão entenda".

Tambem declamava Augusto dosAnjos, aquele poema quefala que a mão que afaga é a mesma que apedreja, e a de Gonçalves Dias, que diz "Minha terra tem palameiras onde canta . sabiá/ s aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá". Mas o pique maior dele era no Dia do Namorados, bo baile, quando a orquestra dava uma paradinha e ele mandava ver o "Soneto de Fidelidade"de Vinicius de Moraes:

"De tudo ao meu amor serei atento/ Antes e com talzelo e sempre, e tanto/ Que mesmo em face do maor encanto/ Dele se encante mis meu pensamento.// Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de espalahar o meu canto/ E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento// Eassim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angústia de quem vive/ Quem sabe a solidão, fim de quem ama// Eu posaa dizer do amor (que tive):/ Que nçao seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure".

Hoje o declamador de poesia não existe mais. É uma pena. Mas fica o registro. Viva a poesia. Ela é eterna. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/02/2019
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