O PODER QUE EMANA DO POVO
O esmorecimento pode ser a perdição na vida de muitos. Em razão de que o sujeito assim investido ao invés de desenvolver a ideia de uma visão multifocal, defendida pelo escritor Augusto Cury, apenas enxergue o que está a sua ínfima face. Como um cavalo que tão-somente trabalha conduzido por seu dono, ancorado em cabresto. O animal se acostuma a assistir somente o que lhe visita a fronte e sucumbe-se ao imediato. Com efeito, em diversos momentos o quadrúpede nos parece atrapalhado, sem rumo, caso o freio não lhe tape mais as laterais. Ao contrário disso, quanto mais visão, mais informação, mais opções para se concretizar e se adotar uma decisão bem sucedida.
Por outro lado e em decorrência de uma formação educacional, por vezes, míope ou temerosa aos cidadãos brasileiros, desde os primórdios da colonização, fomos habituados a não levantarmos hipóteses sobre o que nos ocorre. E também “encabrestados”, de certa forma enjaulados em nossa própria mente para que não pudéssemos compreender os atos dominadores, dos “senhores” de terras engenhos e das capitanias. Impostaram-nos apenas se virar para o chão e inevitavelmente não notarmos além do horizonte. E quando alguém na multidão se prontificou a desatar os nós, as amarras da ignorância e da escuridão, foi execrado, jogado nos calabouços obscuros dos castelos dos reis soberanos. E foram marginalizados perante a sociedade como bodes expiatórios para que tais tipos de insurreição não inspirassem a outros indignados. E que desse modo tal conduta contra os “insurretos” servisse de exemplo para que a maioria se mantivesse inerte em seu canto. E não se atrevessem a se levantarem contra o poder em razão da iminência de serem aclamados benfeitores ou salvadores de uma pátria incipiente.
Por conseguinte compreende-se que era o objetivo dos “senhores” manterem o povo acomodado em “pão e circo”. Pois dessa maneira emergiria a ideia de que os caudilhos da época eram notavelmente “bons” ao povo, aos seus escravos, aos seus empregados. E ademais os subjugados não teriam motivo e nem poderiam reclamar direitos ou novo conceito de relacionamento humano entre reis e súditos, entre plebe e a realeza. É expectado na atualidade que um ser humano visionário, analista de um consenso e de suas ações se abra cada vez ao universo de informações e acessos que estão para todos. Há espaço para nos postarmos, para falarmos, e sermos ouvidos sem sermos acomodados ou nos sentirmos ameaçados por forças ocultas que não mais se estendem sobre o povo atento e sabedor de seu valor. Para isso se faz imprescindível a conduta devotada e desperta para não permitirmos mais tiranias e que não mais os espertos façam ninhos na cabeça dos desavisados. O jugo já fora retirado em graça e luta em prol do bem comum. O que se omite é a ação conjunta do contínuo levante em força na direção do horizonte, na formação de uma visão direcionada e consciente do poder que emana do povo.