O ACONTECIDO NÃO REPASSADO AO PÚBLICO
O ACONTECIDO NÃO REPASSADO AO PÚBLICO
Sempre que uma notícia ou um fato merece destaque, a mídia procura explorá-lo. Porém, quando envolve pessoas de influências no meio artístico, na mídia ou na política, a tendência natural é camuflar. Recentemente estivemos repassando as páginas de um livro, assaz interessante, cujo título é “Afundação Roberto Marinho”. O autor dessa façanha que ficará nos anais da história é Romero C. Machado. Nas partes inicias da obra notamos uma frase que mostra sua fidelidade com o que escreveu: “Tudo que aqui está escrito é mentira e tudo é rigorosamente verdade.” “Assunto de responsabilidade de Francisco Eduardo Ribeiro, responsável geral pela Auditoria de todas as empresas das organizações Globo.” “A juventude é um estado temporário de sanidade”. Entrar em detalhes sobre a obra ocasionaria muito estudo e tempo, mas uma sinopse poderá repassar ser repassada. É bom que se frise que não é condição sine qua non denegrir a imagem de ninguém, mas mostrar as realidades dos fatos contadas por quem já esteve integrando os quadros da Grande Rede. A denúncia da Editora Tchê! Está fundamentada no título da obra: Afundação Roberto Marinho, de Romero C. Machado, citado nas entrelinhas. Oferece ou coloca a disposição do público leitor, mas também ao julgamento de toda a sociedade brasileira. O escritor é a pessoa mais abalizada para colocar as nuanças que estão inseridas na Afundação. O título pode ser o mais polêmico do passado e da atualidade sobre os deslizes que aconteceram nos bastidores globais.
Um empreendimento editorial de grande ousadia, um belo trabalho de investigação jornalística. O livro está dividido em volumes, tendo no primeiro a Trilogia Global, um documento elaborado corajosamente abordando temas considerados por pessoas entendidas no assunto como inenarrável. De credibilidade, repleto de fatos inusitados e fartura documental, devido à privilegiada conotação do autor que foi auditor da Rede Globo, controller da Fundação e assessor da Vice-presidência de Operações da Rede. A luta pelo poder, fora e dentro da empresa, e as mais inimagináveis ilicitudes, partindo da falsificação de concorrência até a obtenção ilegal de verbas, passando por transações em dólares não registradas, indicação plena do uso do caixa dois. Compra de notas frias para prestações de contas com o Ministério de Educação e Cultura (MEC), e “operações” envolvendo um dos homens fortes da Rede, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Vice-presidente das Organizações Globo e com grande responsabilidade na vitória de “Escrito nas estrelas”, música interpretada pela cantora Tetê Espíndola, no Festival dos Festivais. Observe-se que coisa hilariante: “O júri tinha escolhido Mira ira, mas o jurado não podia saber do voto do companheiro, como acontece no julgamento das Escolas de Samba, foi um doce para Boni falsificar o resultado. Isso aconteceu na mais poderosa rede televisiva do País, onde o poder pode e fabrica outra qualidade de indústria: a política do abuso.
Inúmeros e incontáveis personagens, todos com seu honrado nome de batismo declarado, deixaram ou quiseram envolver-se em falcatruas que a agudeza de espírito, a sutileza de raciocínio ou de argumentação, a argúcia e a honestidade eminentemente suicida do autor auscultaram. Com tantas apurações e denúncias guardadas na força frontal, proporcionava a Romério Machado mostrar de forma transparente, impiedosa, inacreditável reino da safadeza que destrona e acaba, vira pó, de tanto ser retratado com fidelidade. Afundação Roberto Marinho é umas das obras que o público deve tomar conhecimento e ler com bastante calma para ver in loco, as denúncias mais fabulosas que a biografia brasileira já registrou. É uma obra de vulto e que deve ser preservada pelos colecionadores de plantão. Reforçando o que aqui foi exposto e dito Daniel Herz outro pesquisador, ele afirma que existe um lado da Rede Globo que é invisível para os que se relacionam com essa empresa simplesmente - como telespectador. Há algo que se percebe olhando-se para trás da Rede Globo. Há um sentido oculto, no que a Rede apresenta que só pode ser percebido quando se tem na mão o atestado de antecedentes dessa empresa. Há muito que aprender com as cenas de gangsterismo que marcaram a implantação da Rede Globo e seu envolvimento até o pescoço com a empresa americana Time Life. A história que se procura fazer secreta, exige relatos que popularizem sua compreensão.
Entender a ilegalidade criminosa será o passo primeiro para uma crítica mais profunda de seu papel político e econômico. Com a Nova República ela teve o poder fortalecido, o autor conclui que o “o desvendamento do passado e do presente da - Globo, a revelação das fontes de seu poder, constitui inestimável, não apenas para se entender a empresa de Roberto Marinho, a quarta maior rede privada do mundo. Com 50 milhões de brasileiros a disposição de sua dieta cultural. Outro fato para colocar em discussão é a Natureza da Nova República, que sustenta a Globo e nela se sustenta. É o famoso dando que se recebe. Dizer que a história secreta da rede é polêmica e, sem dúvida. Importante para o debate do Brasil contemporâneo. Queremos saber quem vai iniciar esse debate midiático e a defesa da Rede acusada virá ao conhecimento público ou não. É briga de cachorro grande, é como briga entre marido e mulher ninguém mete a colher.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE