Cartas à Redação

Comecei a rascunhar minhas maltraçadas escrevendo cartas para a redação do Jornal do Comércio (daqui do nosso Pernambuco). A maioria das que enviava eram publicadas. Eu sempre recortava a cartinha do jornal e guardava. Enchi várias pastas com esses recortes. Depois deixei quando comecei a escrever rônicas para o rádio e para o jornal de Pesquweira e o de Arcoverde. Vou ser sincero, tenho uma saudade danadado tempo que apenas escrevia as cartas à redaação do JC. Vou transcrever uma das primeiras:

BRASIL - IMENSA SUCUPIRA

Numa das músicas de Chico Buarque (parceria com Rui Guerra), há um verso onde se profetiza qe o Brasil ainda iria se tornar um "imenso Portugal". Mas aí entrou em cena a Revolução dos Cravos, Portugal entrou noutra e a música (enquanto profecia) ficou a ver navios. Entretanto, lendo um jornal do Sul, daqueles que algumas bancas temem vender para não correrem o risco de ser incendiadas, vi uma entrevista de Dias Gomes onde ele afirma que o nosso país é uma imensa Sucupira. O criador do Bem Amado acertou em cheio. Nada parece mais com a gente do que o universo de Sucupira. è a arte, mais uma vez, imitando a vida.

No Bem Amado, Dias Gomes não poupa ninguém, não endeusa quem quwr que seja. Esse é o seu maior mérito. Ele mostra, expõe, desnuda e dissecatodos os segmentos (eita apalavrinha chata!) da sociedade. todos os seus vícios e virtudes. Ali estão todos os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. E, claro, a Igreja, a imprensa, a juventude ... Na obra de Dias Gomes só existe um herói: o povo.

P.S. Sei que é uma cartinha muito simples e meia ingênua, mas de repente estou achando que o Brasil virou mesmo uma imensa Sucupira. Quisera estar errado. Juro. Inté.