#3 Confissões de uma professora amada: Aprendi com a frustração que segundas chances existem.

Ser professora e não conviver com a frustração é igual ser médico e não conviver com a perda da vida humana. Por mais que a profissão de professora não faça nenhum ser humano morrer (e graças a Deus por isso), a frustração existe e é bem persistente. Ela aparece, muitas vezes, no meio da aula. Em outros momentos aparece ao final, durante um exercício final, uma atividade diferente em que você vê e percebe que seu esforço e metodologia não atingiram exatamente o que você planejou.

É triste, é frustrante, mas ensina muito. Você fica estressada, aprende a respirar fundo, aprende a planejar metas simples e quando vê está contornando essas dificuldades que existem. Lidar com pessoas e ensinar elas sobre o que precisam aprender – seja português ou inglês – é saber que em algum momento, infelizmente, haverá frustração sentida por uma das partes. Quando o professor não consegue ser o que queria, atingir o que planejou e ajudar da forma que sonhou, seu coração martela até a hora de dormir sobro como poderia ter feito diferente para a sua aula ser um pouco mais divertida ou dinâmica.

Não existe nenhum livro que ensine a lidar com a frustração. O que a gente aprende logo cedo é que com ou sem ela você vai acordar no dia seguinte, vestir sua roupa, pegar seus livros e cadernos e sair, outra vez, para ensinar. Vai tentar outra vez, é sua segunda chance e com isso é que aprendi uma das melhores lições da vida: mesmo com a frustração do dia anterior, o dia de hoje é uma segunda chance.

Nem todos têm segundas oportunidades. Por sorte ou azar do professor, nós temos milhares de novas chances que estão esperando a gente arregaçar as mangas e partir para a luta. Apesar da frustração sentida, professor é figura que não se abate tão facilmente. Claro que no começo o coração fica chateado e você se pergunta se é bom profissional, mas depois de muitos dias ruins e outros bons, você entende que sua profissão é mistura de frustração e alegria.

Os dois sentimentos andam de mãos dadas e não adianta querer separá-los. Estão juntos hoje e amanhã permanecerão da mesma forma. Tudo o que pode acontecer é um querer se exibir mais do que outro, mas aprendi que apesar da frustração querer aparecer mais vezes e tomar conta de todo o seu duro trabalho, a alegria vem pela manhã quando percebemos que a nossa segunda chance chegou e que ela sempre vence ao final.