Memórias
De punhos cerrados adiante do olhar estreito, fadado à vil poeira que restringia seu corpo de achegar-se à cova que sedenta aguardava... Desolado na vasta planície de tão severa solidão, acolhia entre os dedos as rédeas surradas, curtidas de lembranças puras da gente que era viva e findara em memórias..., memórias guardadas na divisa do esquecimento.
Do entardecer à alvorada, entrincheirado em seu espírito o silêncio o devorava. Àquela terra árida dava o restante de seu fôlego, porque enquanto fora a pele ressacava e doía, jazia no interior somente deserto... e, vagas memórias guardadas na divisa do esquecimento.
De repente chorava sem lágrimas, chorava um choro soturno, sombriamente calado e escuro..., tão asqueroso, tão ermo..., tão... comum.
De novo às rédeas o olhar estreito.
No deserto do espírito as lembranças vagavam do limiar ao esquecimento completo; o corpo deitava ao pó e às profundezas abissais despencava, encontrando a cova que, antes sedenta, descansaria, perpetuamente saciada por possuir seu ser.