MARTIM AFONSO PARTE II

COISAS DE SÃO VICENTE – O CURSO GINASIAL DO INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO MARTIM AFONSO PARTE II

No segundo ginásio lembro do professor Calçada de Geografia e embora não lembre do professor recordo que os Maias, Incas e Astecas me impressionaram muito e até hoje leio muito sobre esses povos, principalmente os Maias. O Borges começou suas aulas de Inglês e seu filho era da nossa classe. Certo dia a professora de Matemática tirou licença maternidade e, na volta às aulas aparece um baixinho com cara de bravo para substitui-la. Teve um murmúrio geral na classe, que pareceu ser gozação, principalmente quando o cumprimento foi feito em um sotaque caipira. Imediatamente o professor deu uma porrada na mesa, jogou sua pasta e material sobre a mesma. Diante de uma classe calada, ele começou a falar que não tinha medo de nada que mais que professor ele era homem e não iria aguentar gracinha de marmanjo nenhum. Desabotoou o jaleco, levantou a camisa, mostrou cicatrizes de brigas e que se a classe correspondesse e prestasse atenção iria realmente aprender Matemática, caso contrário seria difícil passar de ano. Essa foi a primeira aula de um notável professor de Matemática que todos que assistiram suas aulas agradecem terem aprendido com ele. Seu nome: Edmundo Capellari. Ele escrevia a aula toda no lousa enquanto ia falava, chamando atenção para detalhes da matéria. E copiávamos tudo. Não precisava de livro didático. Ao final do ano a gente tinha toda a matéria. Fui seu aluno até o segundo ano científico e fiz engenharia sempre lembrando dos seus ensinamentos e de sua conceituação perfeita da matéria que lecionava com uma energia e amor. Com certeza, um mestre. A professora de Desenho era dona Odete, irmã do meu amigo Luiz Victor. Entrava na classe e sua postura e conhecimento da matéria geravam um respeito imediato dos alunos. Odete foi minha professora no Colégio Canadá, em Santos, anos depois. Eu estava no terceiro cientifíco e fazia cursinho. Saia do cursinho e ia a pé até o colégio, muitas vezes perdia a primeira aula. A professora Odete havia passado na lousa uma cicloide e fiquei olhando o desenho sem entender. Um amigo me explicou o que era. Cheguei em casa, refiz o desenho de memória, consegui reproduzir o que havia visto na lousa. Dois anos depois, ao fazer vestibular de Desenho, uma das questões era construir uma cicloide, valia 3 pontos. Deixei para o final da prova e lembrei perfeitamente o que Odete havia desenhado. Passei com sobras. Até hoje lembro e agradeço.

Tem mais.

Paulo MIorim, 14/02/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 15/02/2019
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