O palhaço que habita em mim
Três anos atrás estava eu coletando dados de uma cidadezinha no sertão baiano para fazer uma revista e de repente os meus olhos se alumiaram de contentamento: em um circo armado no meio da praça os alto-falantes anunciavam sua estreia. Meu coração se encheu de esperanças. Estava salvo dos dias e noites iguais.
Comprei ingresso na fileira da frente, mas, por precaução, me sentei na fileira de trás, pois me lembrei de que os palhaços sempre escolhem os da frente para zoar. Mas de nada adiantou me esconder: um engraçadinho veio sentar-se ao meu colo e fazer piadas.
O circo era tão ruim, mas tão ruim, que no final fui reclamar ao dono. Educadamente ele me perguntou:
- Quanto você pagou pelo ingresso?
- Cinco reais - respondi.
- E você queria encontrar o quê por cinco reais?
Fazia sentido. Não podia eu comprar sardinha e querer arrotar caviar.