Perfume

Foram tantos "adeus" que falamos, tantos choros doídos. Foram tantos "nunca mais" pronunciados, sangramos tanto nossos corações, nos condenamos a saudade. Tantas noites em claro chorando tudo o que se podia. Tudo para quando o sol nascesse a gente voltar um para o outro com o coração na mão para que um cuidasse da ferida do outro e dizíamos o que já sabíamos, "não dá para viver sozinho".

Tantas emoções e tanto peito aberto. Nos dispusemos ao desconhecido e amamos intensamente.

Quando realmente acabou, foi mais simples do que imaginávamos. Como amigos nos despedimos, como se amanhã fossemos nos ver. Não se fez caso, não houve choro ou dor.

Foi como um roteiro, apenas: "Tchau, se cuida e fique bem". Não doeu, não chorei, não pensei. O pior término que tive.

Mas hoje doeu. Hoje deu vontade de ligar, de voltar. Hoje um cara sentou do meu lado no ônibus e ele tinha o seu perfume. Sempre foi meu ponto fraco seu perfume. Desejei seu abraço, lembrei dos bons momentos, piadas, carinhos. Pensei em ligar...

Mas eu cansei de voltar ao mesmo ponto. Eu posso lembrar, desejar, sentir saudades, mas é passado. E foi bom, mas acabou. E eu posso te amar, mas não voltarei atrás.

O cara do meu lado levantou e desceu do ônibus e eu conclui que a gente se dava bem, mas não éramos alma gêmea. Eu achei que sim, mas pelo visto era só o seu perfume.

Thainara Marques Barbosa
Enviado por Thainara Marques Barbosa em 11/02/2019
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