Guerra Curta – Castelo de Papel II
Dispa-se das armaduras que te protegem da minha fúria, dos enfeites que te fazem reluzir paro o mundo, desarme teus soldados, venha solitário, de alma nua. Do alto desse abismo, na beira a paisagem é testemunha. Um duelo congelado na pintura é um marco no fim da nossa história. És um anjo das sombras, sem identidade, que desfila às claras, absorvendo a luz, mas eu posso ver, pois baixou sua máscara para mim. Anjos negros atuam bem.
Não existiam janelas em minha antiga morada, somente tuas asas e o consolo de sua voz, fria como a neve que blindava o meu corpo. Tenho perguntas sem respostas. Adormeci no deserto, despertei em meio à guerra, e o ser que habita agora em tua tenda, por onde passou? Juramentos não são eternos, mas não podem ser repetidos. Não tens medo de cair, pois voa como um corvo, e por onde caminha deixa rastros, assombra os meus sonhos, protegendo o território que pensa ser seu.
Teus pensamentos são uma oração em forma de correntes que prendem meu calcanhar, punhos e dentes. Me liberto toda noite antes de fechar os olhos. Tua força era meu escudo, persuadindo meu destino. Vista-se novamente, e não olhe para trás. O antídoto para o veneno que me embriaga é tua ausência infinita. Em sua morte levantarei tua máscara, lírios te acompanharão, e as tuas correntes te servirão. Se esconda pelas montanhas no anoitecer, o crepúsculo te pertence, mas teu caminho não carrega minhas pegadas. Levarei comigo o teu segredo, agora sussurrado nos ouvidos dela, sua meia verdade.