FINAL DA 48ª FEIRA DO LIVRO - AGRADEÇO AO PARANÁ _ IALMAR PIO SCHNEIDER - Após à Feira do Livro, agora, vem, por assim dizer, a ressaca. Diria que fui adquirindo alguns livros, a maioria em saldos nos balaios, e que os fui largando, sem organização
FINAL DA 48ª FEIRA DO LIVRO - AGRADEÇO AO PARANÁ
IALMAR PIO SCHNEIDER
Após à Feira do Livro, agora, vem, por assim dizer, a ressaca. Diria que fui adquirindo alguns livros, a maioria em saldos nos balaios, e que os fui largando, sem organização nenhuma, em estantes, mesas, cadeiras, no quarto do apartamento que me serve de biblioteca e escritório. No último dia da Feira, estava passando pelo estande do Estado do Paraná e entrei para verificar as obras expostas, eis senão quando, um dos funcionários que ali atendia, indicou um montão de livros sobre uma estante e disse: “- Podem levar grátis todos os livros que puderem !” Pedi-lhe algumas sacolas e fui enchendo-as. Hoje, aqui e agora, confiro as obras Trata-se de poesia da melhor qualidade e para homenagear um dos nossos poetas, participantes do livro, transcrevo abaixo poemas de: “Maria Alice Bragança que nasceu em Porto Alegre, onde se tornou poeta e jornalista, opções ambas utópicas. A partir de 1985 começa a freqüentar - porém, sem uma freqüência que poderia ser confundida com qualquer tipo de rotina - os encontros com os integrantes do Grupo Quixote. Em 1986, publicou Quarto em Quadro, pela Shogun Arte, do Rio de Janeiro”. São estes os poemas de Maria Alice Bragança - “O Quarto - A caminho a cama,/ a noite se derrama./ O coração toma o quarto./ No olho, o outro./ O olho do outro./ O outro. - Um Poema sem Título - Chamou-me ao canto. E disse:/ Canta a corda que te amordaça./ Canta. E põe força nos dentes. - Noite Sideral - Acordo dentro da grande noite sem amor/ nenhum deus pode me socorrer./ A sombra dessa mulher profana/ inventa galáxias e terror./Andrômeda ameaça engolir-me./ Na solidão da noite/ parto de estrelas -/ o sonho me liberta. - Passeios na Mauá - O rio se rebela/ nos mastros dos navios/que o muro não esconde./ Quando olhavam o pôr-do-sol,/ Solano e Lúcia pensavam/ em visitar os portos do mundo./ Os sonhos, as promessas,/ a cidade guardou consigo. - Bom Fim - Penetram palmeiras/ pela fresta da janela,/ entra esta tarde tão vento./ As ruas seduzem os olhos,/ e elas não têm fim./Há poemas espalhados nos muros,/ nos guardanapos dos bares,/ nos livros das namoradas, guardados/ em minha garganta, em uma canção qualquer/ gravada em cada fragmento da cidade. - Mise-en-Scène - Quando te encontro/ Perco a mim mesma./ Não sei se mexo contigo/ Não sei se fica bem// Quando te encontro/ Não sei se sou donzela/ não sei se sou vampira./ Penso em puxar assunto/ Penso em romance, novela.// Quando te encontro, é assim/ Século 21 e Idade Média/ Te vejo cavaleiro/ Sou astronauta voltando à Terra./ Não sei se te dou um beijo/ Não sei se finjo recato.// Quando te encontro/ Não sei quem sou./ Se te proponho um motel,/ Se te carrego para a missa,/ Convido para um parque/ Ou apenas sigo com os olhos.” E por estes poemas fiquei conhecendo um pouco da obra dessa poeta maravilhosa e tão autêntica. Um brinde à sua poesia do cotidiano e das passagens mais simples da vida.
Deixo aqui registrada minha satisfação e agradecimento à cultura do Estado do Paraná, convidado especial da 48ª Feira do Livro de Porto Alegre, que tão bem e generosamente se fez representar. Muito obrigado pelas esmeradas obras com que agraciaram este modesto escriba. Sucesso em suas novas realizações !
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Cronista e poeta
Publicado em 27 de novembro de 2002 - no Diário de Canoas.