VAMOS EMBORA COMO CHEGAMOS? COMO NASCEMOS, MORREMOS?

Ouve-se isso de tantos, até dos que seriam sábios. Daqueles ressai a baliza ausente de maior entendimento, desses mera sinalização superficial para quem possa entender devidamente.

Não é bem assim, recebam com reservas tais premissas. Mesmo os sábios exortam nesse sentido com relatividade. É preciso entendê-los.

Evidente que nascemos com um corpo e esse mesmo invólucro se dissipa. E parte chega como corpo. Inala vida, oxigênio, desenvolve-se e extingue-se temporalmente. Deteriora-se.

Com a consciência abre-se a porta da vontade que é múltipla em escolhas.

Quem percorre uma jornada de crimes, violações das regras de generosidade e bondade enquanto habita esse plano, não parte da mesma forma daquele que por escolha foi marca de respeito aos ditames do convívio humano. E seguiu os que não fizeram sofrer castrando direitos e liberdades.

Quem parte com o prêmio de uma vida justa, sem ter ofendido direitos coletivos ou mesmo pessoais de um ou alguns, já permanece nos vestíbulos dos umbrais que irá transpor com a paz antecedente dos justos que respeitaram o mínimo e por isso viveram e viverão o máximo, senão junto a outros páramos serenos, ao menos em memória.

E afastado os bens materiais que não podemos levar, os que conseguiram burilar seus espíritos com a aproximação da beleza, da arte que enleva e seduz, dos grandes feitos vistos pela história e alguns vividos, incorporam com expressão ampliada a exegese de maior espectro, enriquecedora da compreensão que absorve, sem aumentar ou diminuir as setas do conhecimento possível, e partem com a serenidade desconhecida por quem não alcançou metas de vastidão no abraço espiritual penetrado ainda em corpo.

Os condenados pela permanente, psicopática e reincidente escolha do mal, agigantado para os que fizeram mal a muitos, na retirada de direitos coletivos que por ausência de realização fizeram sofrer, também seus discípulos e seguidores, têm um destino supliciado que começa sua definição na aleia pela qual caminhou o corpo. E começa aqui.

Ninguém parte como chegou e muito menos igualmente. A metamorfose do corpo, em matéria que deteriora, de modo igual, não se avizinha do espírito que escolheu a vida com largueza de boa vontade, sem restringir, se associar ou colaborar com os que fizeram o mal e por essa causalidade não têm paz de alguma forma ainda em corpo e não a terão muito menos em espírito.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 10/02/2019
Reeditado em 19/08/2019
Código do texto: T6571552
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.