DO FALLET AO NINHO
A relação da chacina no Fallet com o incêndio no alojamento no Ninho do Urubu, está na condição social das vítimas. Todos quase pretos, ou quase brancos, que de tão pobres sabem como se tratam os pretos, pinceladas de 'Haiti' do Salvador Daqui.
O pacote de maldades apresentado pelo ministro Sérgio Moro, que autoriza o servidor público militar fardado a matar indiscriminadamente, começou a surtir efeito aqui no Rio, no bairro bucólico de Santa Teresa, onde fica a comunidade do Fallet.
Embora parcela da sociedade bata palmas para a chacina por acreditarem que bandido morto é bom, essa tática de guerra vai fazer crescer a violência.
O menino que trabalha para o tráfico e segura uma arma, vai 'sentar o dedo' quando os policiais fizerem uma investida, porque suas vidas não valem mais nada. No meio das balas trocadas estarão a criança, o jovem, a mulher adulta, o homem adulto e o idoso.
Sobre os meninos do 'Ninho', o clube é o responsável pelas mortes. É inaceitável uma instituição, a mais rica do país no ramo, faturar 750 mi em um ano e manter um alojamento de metal com forro de espuma tóxica, sem janelas e sem um monitor para acompanhar as crianças.
A torcida rubro-negra fez uma homenagem aos meninos justamente, mas o Clube Flamengo não merece qualquer tipo de manifestação que não seja a de pedido de justiça. Morre uma 'nação' no incêndio evitável, como morre uma pátria na lei que institucionaliza a chacina.
Ricardo Mezavila.
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