O ÔNUS E O BÔNUS
Venho aprendendo com a vida a identificar o ônus e bônus.
Esse contraponto em tudo que acontece, o outro lado das situações.
Isso parece chavão barato, mas não é mesmo.
Só a experiência da maturidade permite descortinar certas verdades veladas, trazendo uma lucidez que ajuda a nos entender melhor e também tudo o que nos cerca.
Normalmente prevalece aquilo que é mais evidente, mais gritante.
Alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, ganhos, perdas, num primeiro momento não passam de meras alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, ganhos e perdas.
Só que, por trás delas, têm outras coisas que podem não aparecer na hora, mas no devido tempo marcarão sua presença.
Querendo ou não querendo.
Uma tristeza, derrota, perda traz um ganho imenso, um bônus submerso que, de repente, vem à tona com todo seu brilho.
Sabendo disso, passamos a buscar nos ônus o que nos trarão de bônus.
Vamos vasculhar as coisas chatas que nos acontecem, por piores que sejam, até achar o prêmio que tem pra gente.
Isso não é postura de conformado, que aceita todas as dores com sorriso no rosto, mas de alguém que cresceu por dentro e que se deu conta recuou a "câmera", permitindo ampliar o campo de visão para focar no conjunto e não, apenas, no que era mais notório.
Perceber o bônus no ônus, e vice-versa, traz maior calmaria interna, e descortina a vida com maior abrangência e verdade.
Esse exercício não é fácil de fazer, exige desprendimento e sair de certas zonas de conforto que nos impedem de exercer um julgamento mais amplo e claro.
Mas é um jeito de encarar os doces e chicotadas da vida com menos revolta, com menos lamentos, com menos revolta.
E nos deixa em paz e mais feliz, que é o mais importante.
O resto não passa de um resto.