PRIMEIRO DIA.

O primeiro dia da semana se faz caloroso, corrido, cheio de compromissos, aqui e acolá, de um lado a outro, parece não haver tempo para nada. Os corações inquietos pedindo sossego, descanso, calmaria, o que temos senão inquietação de almas acorrentadas, feridas, e sem desejo nenhum.

É apenas o primeiro dia da semana, como eu já imaginava, surgiu cheio de contratempos para muitos. Logo nas primeiras horas após o café, esses muitos, terão que sair, enfrentar trânsito, xingamentos dos motoristas, filas, estacionamentos lotados, enfim, um pouco de tudo em apenas um único dia de nada.

Como isso acontece? Os dias têm sido assim caríssimos leitores, um amontoado de acontecimentos, aventuras e desventuras que nos deixam malucos. São tantas coisas a serem feitas em tão escasso tempo que fica essa sensação ruim (é a tirania do relógio) e fica também esse sentimento de impotência. Entre um compromisso e outro, no quase escasso tempo — eu, poeta insano — rascunho a minha porção diária. Talvez fará sol forte, calor intenso, hoje vai ser mais um dia daqueles, onde o final de tarde, promete ser um pouco mais calmo… Promete espero.

A noite surgirá, com uma brisa suave e quase fria soprando do norte, o céu estará repleto de estrelas cintilantes. Os nossos corações batendo apertado, dolorido, e a causa principal… Sim, — é a ânsia pela segunda-feira — aquela mesma de outrora. Lembro-me com o coração aos pedaços, desfeito em saudades de outros tempos de segunda… Talvez o beija-flor da saudade volte, ou talvez não, quem o saberá afinal, espero que retorne logo, embora a razão venha a me contradizer.

Sei que o restante da noite seguirá o seu curso, correria e loucura dos seres noturnos, nada, além disso, ao final, tudo se acalma novamente, e finalmente reinará o silêncio da madrugada, enquanto a minha alma deleitar-se-á em versos.

A alma inquieta,

O coração dilacerado desperta,

Em meu olhar,

A última derradeira lágrima,

Que vai,

Esvai,

Consome,

Some de repente,

Sem deixar pistas de seu crime,

Na ressequida terra,

De chão duro,

Ela morrerá,

Para sempre,

Esta lágrima perdida,

Esquecida,

Nunca mais retornará,

Os olhos de quem a chorou,

será uma angústia,

Da lágrima fúnebre,

A dor intensa,

Para sempre será,

A dor que chora.

A lágrima é quem escreve,

Resume e cria,

Derrota e consome,

Revela,

Esconde,

No desejo,

A revolta,

A volúpia,

Lágrimas de dor e solidão,

Dor do amor,

Dor da paixão,

desejo,

Intenção.

Coração,

Este vil poeta,

Insano ser,

Decidiu não mais chorar por fora,

Apenas por dentro doravante,

Rios de lágrimas,

Derramar-se-á infinitamente,

Nesta alma de papel,

Riscada com versos tortos,

sem sentido.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 10/02/2019
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