DEUS S/A - A INDUSTRIA DA FÉ

O que é Deus?

A idéia ou compreensão de Deus (Deus ou DEUS, em maiúsculo ou versalete, como algumas religiões exigem) assumiu, ao longo dos séculos, várias concepções, evoluindo desde as formas mais primitivas provenientes das tribos politeístas da antiguidade até os dogmas das modernas religiões monoteístas.

Nas modernas religiões monoteístas Judaísmo, Zoroastrismo, Cristianismo, Islamismo, Sikhismo e Bahaismo, o termo “Deus” refere-se à idéia de um ser Supremo, Infinito, Perfeito, criador do universo, que seria a causa primeira e fim de todas as coisas, desse modo, os povos da mesopotâmia nunca diziam o seu nome diretamente, apenas se referiam a "ele" como "O" Salvador ou "El" Salvador, "O" Criador ou "El" Criador e "O" Supremo etc. e assim por diante.

Um bom exemplo desse tipo de associação, ainda está presente em alguns nomes e expressões árabes, por exemplo Abdallah que quer dizer servo (abd) de Deus (Allah).

Dentre as características principais deste Deus-Supremo estariam:

A Onipotência: poder absoluto sobre todas as coisas;

A Onipresença: poder de estar presente em todo lugar; e,

A Onisciência: poder de saber tudo.

Da forma citada acima se tem uma idéia da responsabilidade de pessoas acreditarem nesta supremacia invisível, sem endereço e sem forma que é denominado de Deus. Muitos o respeitam tanto que matam e morrem por ele, ou em nome dele; outros tantos que dizem acreditar nesta existência e até o reverencia, mas vive a margem daquilo que a maioria diz ser seus mandamentos; já existem outros que dizem cumprir a risca cada mandamento, não matam nem morrem, mas fazem de Deus um espetaculoso e oportuno momento de ganhar muito dinheiro.

Alguém na história, muito “vivo” por sinal, e com uma capacidade inigualável de fazer a própria história, escreveu nos livros cristãos que “toda pessoa crente deveria ofertar a décima parte dos seus ganhos para as obras de Deus”, o que hoje traduzimos no dízimo. O dizimo é uma fatia daquilo que você ganha, cerca de 10%, convencionado pela maioria dos ministérios evangélicos que são destinados à obra de sustentação da própria palavra divina. É com este ganho que as igrejas pagam suas contas, pagam seus membros líderes e promovem campanhas para arrebatarem mais fieis. Os novos fiéis precisam fazer continuar o ciclo financeiro para que haja mais possibilidade de crescimento e mais fieis e mais dinheiro e mais crescimento... Um ciclo interminável.

O cristianismo pela parte da Santa Sé; única igreja que possui um Estado constituído reconhecido pela ONU, tem uma tradição de 2000 anos aproximadamente. No comando da Igreja Católica Apostólica Romana já sentaram na cadeira de Pedro, ladrões, menestréis, poetas, assassinos e homens iluminados como Paulo VI e João Paulo II, que mesmo seguindo os dogmas antiquados e ultrapassados sustentados pela cúria, não foram antagônicos nos momentos de empunhar novas bandeiras, criticarem e punirem seus membros que agiam de modo espúrio.

Mas o catolicismo ainda vive há séculos de uma realidade que aponta por mudanças imediatas, mas que sempre sucumbe quando se forma alguma nuvem de ameaça de seu poderio, principalmente o poderio econômico. A igreja católica mantém uma rédea muito forte sobre seus fieis, e se estes fiéis não mais temem os apontamentos que ficaram nas fogueiras da inquisição, eles ainda temem o nome de Deus (99% dos católicos conhecem deus apenas por DEUS. Raramente os padres dizem o nome de Deus, que pela bíblia é Jeová), e pensam que este “nome” além de salvá-los, pode matar a qualquer hora. O deus que castiga é o mesmo que afaga em seus braços imaginários e é isso que movimenta o clero e o sustentou por estes dois milênios.

A Santa Sé possui desde obras de arte do mais alto valor que nem todo o dinheiro físico do mundo poderia pagar, caso quisesse vender; possui latifúndios nos quatro cantos do globo e muita, muita igreja de valor inquestionável. Cada catedral, cada quadro, cada pintura, cada ostensório de ouro ou cada mito que vagueia ao lado dos místicos rituais católicos milenares mantém o Vaticano como sendo um dos paises mais poderosos do mundo e seu líder máximo, o Papa, é tido como homem santo, o herdeiro de Pedro e pessoa mais próxima de Deus; uma espécie de embaixador de Deus na terra e é ele quem dita as regras durante seu reinado.

Não se sabe ao certo para onde vai tanto dinheiro que a Santa Sé arrecada com as contribuições de seus mais fervorosos fiéis. A única coisa já registrada até hoje é que os bancos suíços e italianos, os mais ortodoxos no mundo das finanças, possuem milhares de barras de ouro em suas reservas mais sigilosas, que são de propriedade do Vaticano.

Mas a igreja católica possui outra arma muito mais poderosa do que suas intermináveis barras de ouro e obras de arte; a Santa Sé promove as revoluções campestres principalmente no Brasil. Por trás de quase todos os movimentos de invasão de terras existe um bispo ou padre. O sucesso destas invasões leva até os cofrinhos das igrejas muito dinheiro e muito prestígio no meio político. O Estado no fundo tem medo da ira dos homens de batina e mais precisamente aqui no Brasil, que dizem as más línguas que a imprensa é o quarto poder, eu não sei ao certo quem é mais poderosa, se a imprensa ou a CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil). Embora existam entre eles homens notáveis (assim como poucos Papas) como o inesquecível Dom Avelar Brandão Vilela, no qual tive o prazer de trocar algumas boas palavras, existem outros desqualificados que tentam comandar o Brasil sem estarem devidamente credenciados pelas urnas e isso também ajuda a transformar o país numa pátria autoritária e medrosa.

Com todo o respeito aos meus amigos, de muitas datas, que são homens dignos e também membros da Santa Sé como o Bispo Edgar Cunha de Nova Iorque; Ricardo Camellini Bispo de Emilia Reggio na Itália e tantos outros que tive oportunidade de conhecer e conviver por alguns momentos, mas as críticas que fiz nesta missiva não tem nada a ver com a ideologia da magnitude divina; minhas críticas são diretamente para os critérios milenares adotados pela cúria romana que enche as burras de dinheiro e nem todas às vezes este dinheiro tem uma origem de caridade, de fé ou de simples doação.

Não muito distante da realidade católica, o mundo tem visto o surgimento e crescimento de seitas e religiões medonhas, e eu não falo daquelas que cultuam o demônio ou crêem na santidade de serpentes ou dragões pois esta divisão entre o bem e o mal é de uma complexidade tão estranha quanto à existência deste Deus tão reivindicado por tantos.

O ouro negro do oriente Médio patrocina em parte o grupo de homens que se matam e matam centenas de outras pessoas juntas por acreditarem que uma espécie de paraíso sexual os espera; e tudo isso em nome do mesmo Deus que acreditam os católicos e judeus. Por este ponto de vista e não posso crer que haja qualquer ponto de bondade numa ação tão estúpida e irracional quanto esta ou que haja algum tipo de bondade, mas eles culturalmente acreditam!

Sem matar ninguém com bombas mas matando-os de fome, de burrice e de cultura inútil, quem está crescendo ao ponto de assustar os mais capacitados intelectualmente, são as religiões cristãs que se denominam “protestante”, em especial as que ideologicamente buscam aperfeiçoar a mesma linha da Igreja Universal do Reino de Deus, idealizada pelo “bispo” Edir Macedo e uma trupe de homens sedentos por poder e dinheiro.

Paralelamente a IURD, chegaram outros agrupamentos de teor de ação similar, que utilizam da mídia impressa e televisiva para aliciar néscios desocupados. Os “caras” compram programas de televisão nas madrugadas ou programas de rádios falidas, alugam ex cinemas e os transformam em igrejas e depois de um ou dois cultos apimentados é só esperar que a massa de ignorantes apareça para doarem tudo que tem para esperarem o dobro do investido por meio da palavra de Deus.

É nesta hora que eu digo: -Misericórdia, eu tenho medo da burrice! Tenho medo que a burrice seja contagiosa e crônica e finde por “pegar” em meu corpo e eu ficar fadado a morrer como um “asno”.

O povo pobre que malmente possui dinheiro para comprar o pãozinho de R$ 0,20 e ter de dividi-lo com outra pessoa, junta os míseros reais que lhe faltaram o mês inteiro para darem as igrejas como a Universal do Reino de Deus; acreditam estar comprando o “óleo santo ungido em Israel”, acreditam que a “corrente dos 140 pastores” tirarão o satanás do corpo do seu filho por que ele não está feliz com a esposa ou ainda acreditam que a “sessão do descarrego” expulsará o demônio da sua vida e o dinheiro virá de maneira tão natural que as orações depositadas nos envelopes de R$ 200,00 se transformarão em 2 milhões de dólares.

Do jeito que é pregado nestas igrejas, dá para acreditar que Deus é um banqueiro “arquibilardário” que possui um mega negócio e através de seus discípulos embaixadores, os bispos protestantes, toma dinheiro do povo pobre apenas para TESTÁ-LOS; investe esta grana nos negócios celestes e os devolve com juros acima de 1.000.000% ao mês; e o povo néscio, vergonha do mundo atual, acredita e manda tudo que tem para os cofres dos bispos e pastores. De quando em vez, aparece um destes néscios na televisão dizendo que tinha uma vida miserável mas que depois “do óleo santo ungido em Israel”, Satã saiu da sua vida e hoje possui empresa, carro, casa, esposa e filhos felizes. Este tipo de mídia, principalmente a televisiva, ajuda a criar uma imagem de realidade e prosperidade e quem assiste a estes programas se vêem tentados de alguma maneira.

Os programas cristãos das igrejas protestantes que visam buscar dinheiro jamais são exibidos sem os pedidos de depósito ou de promessas de retorno garantido; sempre tocam em feridas notórias, aquelas que a grande massa possui como depressão, infelicidade, falta de dinheiro, insatisfação amorosa e trabalhista ou perdas de entes queridos. Eles sempre têm a solução para todo tipo de problema e assim como a maior parte da bíblia, seus sermões são subjetivos e dilatados.

Pessoalmente eu já fui em um único culto da Universal do Reino de Deus e o que vi foi assustador, aterrorizante. São milhares de pessoas aglomeradas escutando os sermões dos lideres que fala errado como por exemplo “pobrema”, “sintuação” e tantos outros assassinatos da nossa língua, e antes do desfecho final do culto, há uma espécie de louvor ao dólar. Os bispos e pastores começaram os pedidos como se fosse um leilão divino ao contrario, onde se inicia com um pedido de doação muito alta (no dia em que fui o valor foi de R$ 100.000,00) e quando eles observam que ninguém tem mais nada a oferecer, os pilantras pedem em nome de Deus, qualquer coisa que se tenha um valor financeiro agregado. Os gatunos pedem para se possível vender a televisão, o liquidificador, as panelas, etc., para que Deus reconheça seu sacrifício e o recompense com milhares de vezes o valor doado. Um absurdo...

Depois que a Rede Globo passou a dar algumas “porradas” na Universal, com a exibição de cenas particulares mostrando o Bispo Macedo curtindo com o dinheiro que deveria ser das obras da igreja, parece que alguns bispos resolveram romper com a quadrilha e formarem outras igualmente parecidas e a bandalheira continuará ano após ano. A mais famosa igreja similar a Universal, a Renascer em Cristo, tem como lideres os casal Hernandez que se encontram presos nos Estados Unidos depois de tentarem entrar naquele país com dólares não declarados.

Menos agressivo e tentando apenas primeiro vender um livro ou revista, está o discípulo de Edir Macedo, pastor RR Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus que também possui programa de televisão e luta para comprar seu próprio canal. O pastor RR Soares é mais tímido e menos ganancioso. Pede para as pessoas patrocinarem com qualquer valor a sua missão divina e normalmente está vendendo uma revistinha e ou livreto de sua autoria.

De qualquer modo estas pessoas se agrupam, juntas ou por afinidade, para roubarem primeiro as consciências dos mais pobres; assaltadas tais consciências é a hora de aplicarem o temor divino, também visto na igreja católica, para tirarem dinheiro, muito dinheiro de que malmente o possui para comer. É muita grana doada todos os dias e uma serie de benefícios jurídicos que favorecem estas igrejas; para se ter uma idéia, eles podem comprar carros sem o pagamento de muitos impostos pois as igrejas são isentas destes pagamentos e mesmo suas declarações de renda possuem prerrogativas constitucionais que as isentam de muitos itens obrigatórios para os mortais que são abocanhados pelo “leão” todos os anos.

Para finalizar eu gostaria de entender que Deus é este que é tão difundido por estes ladrões vestidos de pastores, e que deixa seus “filhos” abaixo da linha da miséria, permitindo que os homens, líderes religiosos, utilizem sua estampa para enriquecerem e viverem cada vez melhor? Qual entidade divina pode ser considerada “boa” se permite que homens como Edir Macedo e Bento XVI vivam em palácios cercados de ouro, conseguidos à custa do que dizem ser a “Sua Palavra”, enquanto quem patrocinou e continua patrocinando tudo isso continua vivendo embaixo de pontes, viadutos ou em barracos alugados?

A igreja deveria já ter assumido o seu papel no campo psicológico e estampar que nela pode haver algum alento à alma e que por isso se paga um preço como se fosse uma consulta, afinal de contas, todas as igrejas precisam de sede, profissionais e consumos básicos como energia elétrica, água e telefone e tudo isso tem um custo alto. Algumas possuem sedes simples e requer menos investimentos enquanto outras investem em palácios suntuosos com tecnologia de ponta e conforto e isso também requer um investimento mais arrojado, mas não podem colocar seus fiéis patrocinadores entre o céu e o inferno, como se não ter dinheiro é uma situação que os levarão diretamente ao inferno, enquanto os que podem pagar caro, consigam no registro de imóveis divinos um terreno bem ao lado do trono de Deus, gozando de vista para o Éden e harpas clássicas tocando 24 horas por dia por anjos loiros de cabelos anelados.

Paralelamente aos idiotas da fé constituída, a fé que precisa ter CNPJ, existem os charlatões que distribuem panfletos pelas ruas prometendo trazer a mulher ou o homem amado em sete dias, promete curar câncer e aids, promete sucesso financeiro e prevêem o futuro, que são chamados de VIDENTES. Eu também conheci muitos deles nestes tantos anos de andanças e tropeços, e o engraçado é que “todos parecem ter saído da mesma faculdade criminosa”. Os videntes agem sempre baseados nos mesmos totens cristãos e fazem da fraqueza mental do povo sofrido uma oportunidade de lhes tirarem o “nada” que lhes restou. Numa sessão ridícula numa cidade do interior do Ceará eu conheci uma espécie de “mito” local que encarnava um Preto Velho e me disse de “cara” que eu estava carregado (??????). Resolvi fingir estar fazendo seu joguinho espúrio e no final da sessão ele me disse que eu me livraria daquele “carrego” se o pagasse uma cifra composta de números iguais e eu fiquei apreensivo para saber qual seria o meu investimento, foi então que o velho safado me disse que consultaria seus guias para saber e minutos após, veio até a mim com uma cara de “babaca” citando o preço de R$ 6.666,66 e me informando que eu não podia doar nem mais, nem menos do que aquele valor. Se eu acreditasse naquilo, seria o maior valor já pago por um transporte de “carga maligna”. O velhote safado era uma espécie de transportador abençoado das “sujeiras demoníacas” do próximo. Meu amigo Renê Chaves Coelho da AJ Transporte, que tem algumas carretas e transporta cervejas pelo Brasil inteiro, se souber desta nova modalidade de carga, ficará milionário em poucos dias.

Mas em Minas Gerais foi onde eu li o panfleto mais curioso. Um certo vidente que se dizia sério e honrado, afirma em sua missiva popular que somente cobra pelo serviço, caso haja eficácia comprovada, ou seja, o cliente só paga se tiver a “benção” agregada ao seu pedido, inclusive promete matar pessoas indesejadas. Uma hora eu vou ligar para este pilantra e marcar uma consulta por litisconsórcio, eu e o Dr. Wellington Peres Barbosa da Seccional de Polícia Civil de Venda Nova para ver o que ele tem para nos falar. Este tipo de fé é o desesperador que tem por adepto as pessoas que se dizem crentes em Deus, mas que não acreditam nas igrejas e em seus milagres. Na verdade não se trata de religião os que dizem prever o futuro e trabalham como se fossem o próprio Deus; trata-se de uma quadrilha que promete e muitas vezes cumpre, o crime e a enganação. Alguns destes videntes ganham muito dinheiro e quando chegam ao estrelato, passam a serem chamados de GURÚS.

Eu acho que creio em Deus, mas num Deus diferente deste apregoado pelos néscios larápios, que nos permitiu a vinda de homens como Jesus Cristo que mudaram completamente a historia do mundo e até onde foi escrito, jamais cobrou pelos seus préstimos, senão difundir que aqueles que podem mais, devem ajudar os que nada possuem. Eu creio num Deus interior; na santidade contida na bondade de cada ser humano sensato ou na força cósmica que muda feições e reações humanas e nos posiciona sempre diante de provas difíceis e que muitas vezes nos mostra caminhos espinhosos para nos deixar atentos para as dificuldades do amanhã; cabe a cada um de nós discernirmos entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, entre o possível e o impossível.

Eu jamais estudei a teologia e suas características ideológicas e posso estar errado, afinal, sou humano e filho de humanos, mas jamais crerei neste Deus imposto pelas tantas religiões que só pede dinheiro e faz fortunas incalculáveis apenas para o deleite de alguns poucos abastados de ganância e esperteza. Ladrões que transformaram a Fé numa empresa que pelo visto, jamais irá à bancarrota.

Apenas para matar qualquer curiosidade, eu nasci de família católica, fui batizado na Matriz de Nossa Senhora de Santana e fiz a primeira comunhão na Igreja de São Domingos no Largo do Terreiro de Jesus, Pelourinho, em Salvador – Bahia e sou integrante da Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz desde 1985, que absolutamente nada ensina a este conceito.

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

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