Besta... eu?!
Há aqueles que pensam que o besta já nasce besta. E que o sabido, já nasce sabido. E ainda há quem afirme que existem casos piores, como o tal da besta quadrada. Nem uma coisa, nem outra. Todo mundo nasce besta. Besta quadrada. O mundo é que nos arredonda. Ou não. Há sempre os “sem-jeito”, descrito em belas palavras por Nosso senhor Jesus Cristo em uma das suas parábolas.
Eu nasci besta. Depois de muito apanhar, virei um “sem-jeito”. Já o meu irmão mais velho...
- Cadê o carrinho de madeira que seu tio Ascendino fez pra você? – perguntou a mãe.
- Eu vendi pro Dilso.
- Você teve a coragem de vender um presente?! Cadê o dinheiro?
- Taqui! – Tirou do bolso um monte de cédulas e entregou à mãe. Ela conferiu, aplicou um cascudo nele e esbravejou:
- Seu moleque besta! Lá isso é dinheiro?! Isso aqui é só papel de carteira de cigarro! Vá atrás do Dilson e pegue seu carrinho de volta. E vai ficar uma semana de castigo pra deixar de ser uma besta quadrada!
O castigo surtiu efeito. Em 2014 ele vestiu o fardão da Academia Brasileira de Letras.