OPRESSÃO
Onde há opressão, ausenta-se a liberdade. A opressão que aparece com maior astúcia é a opressão de mercado. O mercado é a opressão mais visível, é a fonte e a causa de todas as outras formas de opressão. Para amortecer a gravidade da opressão econômica, vem-se insistindo na melhoria da condição dos trabalhadores; se assinalou que, desaparecida a exploração econômica, ainda pode se dar a opressão, tecnocrata e burocrata; e ainda lembra que o socialismo e o comunismo fracassaram no intento de erradicar tal exploração. Nenhum desses fatos, por mais respeitáveis que sejam, impedem de reconhecer a realidade e a gravidade da vida que levam muitos trabalhadores. Outros vão mais longe, afirmando que existe a alternativa do mercado socialista, por isso não se deve identificar o mercado com o capitalismo.
O mercado é anterior ao capitalismo, é coetâneo da atividade econômica desde a antiguidade. Mas o capitalismo, quando nasce, apodera-se do mercado, não podendo viver sem ele. O mercado é uma concorrência sem limitações, é o liberalismo econômico. Uma economia de mercado é uma economia na qual triunfa os mais fortes.
O socialismo se ateve propor a ser um socialismo de mercado e complexou muitos socialistas, que resistem, com razão, a que o socialismo se contamine com a identificação que o liberalismo estabelece entre economia e mercado, ou seja, economia de mercado sem arbitragem e sem correção.
Os grandes poderes se mostram hoje capazes de digerir e metabolizar todas as resistências e todas as rebeliões contra o capitalismo opressor. Limita-se a assinalar dois recursos que constituem dois redutos irredutíveis: As religiões, de maneira especial a judaico-cristã, contém um recurso de grande força, o apelo à essencial dignidade da pessoa humana, aparentada com a divindade, no cristianismo como um Deus tripessoal. Esse apelo, brandido pelos profetas e depois por Jesus, ajudou a resistir diante da opressão vinda de diversas frentes.
E a moralidade que se situa em uma posição leiga, dispomos de recurso Kantiano, que se refere à nossa consciência de sujeitos morais; onde o ser humano é um fim em si mesmo e absolutos e não meios nem fins relativos. De uma maneira ou de outra, como fala Foucault, essa proposição quando recomendada, de uma atitude anárquica, é lutar contra as totalidades e os sistemas. Essa proposição é a única que podemos alimentar para lutar contra todas as outras frentes de opressão.
A opressão nunca vem do mais fraco para o mais forte, mas da linha do poder para a realidade do subalterno e com interesses latentes do opressor, seja do sistema ou da comunidade interligada.
É isso aí!
Acácio Nunes