Ontem à noite o vento açoitou a cidade, varreu as encostas e botou abaixo muitas construções, espalhou o desespero em todos os bairros. A chuva desceu forte, destruiu os bairros mais abastados e também as comunidades humildes; inundou, carregou, tomou de volta o que aterramos e edificamos por toda parte. A natureza pode ser impiedosa.

Estou olhando o céu limpo e azul clarinho, o sol chegando tímido como se nada estivesse acontecendo; mas o Rio de Janeiro está num estado terrível! É pura lama, lixo, falta de  energia, internet, muitos acidentes e pessoas feridas. Nunca vi nada igual em anos e anos; nunca estivemos tão mal e não consigo me sentir otimista.

Está tão devastada essa cidade, tão destruída minha cidade.
O que podemos fazer nesse momento? O que eu posso fazer para ajudar? Posso repensar meu hábitos, produzir menos lixo, separar o lixo; porque um dos grandes vilões foi o lixo. Há montanhas de lixos nas esquinas, a população joga lixo nos rios que cortam o próprio bairro, arrancam as caixas de coletas, destróem as caçambas e quando o temporal acontece… nos afundamos no lixo. 

As construções aqui nos morros também crescem de um dia para o outro, de uma forma incrivelmente rápida e parece que ninguém vê, e vão subindo pelas encostas, subindo e desmatando, subindo e tocando fogo na vegetação, subindo e acabando com tudo.

Parece uma ladainha sem fim o descaso com a saúde nessa cidade tão doente, mas é assim que estamos sobrevivendo; ontem à noite as autoridades estavam pedindo para que ninguém saísse de onde estava e se aventurasse na enchente.
Alertavam para o perigo das doenças na água imunda, alertavam para o perigo dos choques elétricos, da correnteza em plena rua, e pediam para procurar um local seguro e permanecer ali até a chuva melhorar.

Um temporal causou esse transtorno, com ventos de até 160km/h! Mas eles disseram que não foi um furacão; e eu nem consigo imaginar se fosse. Foram  200 árvores arrancadas, dezenas de carros levados pelas águas, bairros sem energia, uma situação nunca vista. 

 Deus é brasileiro e carioca, cada vez me sinto mais convencida disso.


#convivendocomadorcronica
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 07/02/2019
Reeditado em 13/05/2019
Código do texto: T6569306
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