CINCO PÃES E DOIS PEIXES, E O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA


Eu e meu esposo, voluntariamente, ingressamos na diretoria da “AÇÃO COMUNITÁRIA SAL DA TERRA”, em setembro de 2007, após acompanharmos durante todo o ano o sofrimento e a agonia vividos por todos que compõem essa querida Entidade com suas duas Creches Chameguinho e Ternurinha, localizadas no Complexo do Lins de Vasconcelos.        Dissemos sim, como Maria, sem sabermos ao certo como seria o nosso caminho. Apenas oferecemos a nossa disponibilidade e a nossa fé. Confiamos nos Anjos de Belém quando na Noite Santa cantaram aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra aos homens de boa-vontade!”
Como 1º e 2º tesoureiros, logo apareceram as contas a pagar. Eu sou funcionária aposentada da Caixa Econômica e estava feliz por estar terminando de pagar o nosso empréstimo realizado para ajudar a comprar o nosso pequeno apartamento na Tijuca, próximo à comunidade do Salgueiro. Num impulso do coração, sem pensar muito, ofereci à presidente Zezé, um empréstimo que conseguiria, facilmente, com juros baixos, por consignação (desconto em folha), para solucionar os pagamentos das despesas em atraso e do 13º dos funcionários, em dezembro de 2007, cujo valor a Prefeitura não iria depositar. Eu havia pedido sigilo a Zezé, mas compreendo que seria preciso contabilizar essa entrada de dinheiro e deixar registrado o empréstimo, porque eu esperava recuperá-lo, pois estaria descontando, mensalmente, o valor das prestações ao longo de seis anos. A partir deste meu gesto - que para mim foi muito simples, pois eu o fiz por telefone, e também, foi o máximo que sabia e podia fazer naquele momento de angústia – deu-se início, a uma experiência maravilhosa de partilhas entre os familiares e entre os amigos e conhecidos. Todos acreditando na Sal da Terra”. Então eu refleti sobre a passagem do evangelho de Jesus que narra a Multiplicação dos Pães. Jesus precisou da pequena ajuda do menino que ofereceu o que tinha: cinco pães e dois peixes e o Senhor os abençoou e os multiplicou, saciando a fome de 5 000 pessoas, sem contar as mulheres e as crianças. Eu me senti como este menino. que ofereceu o máximo que podia e o Deus da Vida fez o resto. Neste caso, Deus também fez o resto: motivou a Diretoria e o Conselho Fiscal, tocou o coração das pessoas que estavam próximas e que nos conheciam e as que estavam muito longe, em outro Continente e vieram nos conhecer e ajudar. Assim como fizeram os Três Magos que vieram de longe, para conhecer o Menino.
São as maravilhas de Deus na nossa vida! São os milagres de hoje! E a minha ajuda, também, foi crescendo. No início de 2009 eu já havia esquecido os juros. Quando chegou a Assembleia de setembro de 2009, para a eleição da nova diretoria, achamos justo mencionar o empréstimo em Ata porque esta foi uma assembleia, também, de prestação de contas, já que o Balanço não tinha ficado pronto devido a inúmeras dificuldades. Assim, toda Diretoria, Conselho e padrinhos presentes saberiam como estávamos administrando os desafios, quais recursos estávamos recebendo e quais os compromissos futuros (dívidas atrasadas a pagar). Apenas pedi que não declinasse o meu nome. E a nossa diretoria foi reeleita com apenas uma mudança. Nós já sabíamos, desde o início, que a nossa despesa mensal seria o dobro do valor recebido da Prefeitura.  Mas o Antonio Madeira, no final deste ano, de 2009, fez os cálculos financeiros e confirmou que precisaríamos mensalmente de, aproximadamente, R$ 12.000, 00, para suprir todas as necessidades da Sal da Terra (sem contar a dívida do empréstimo). Nossa Folha de Pagamento consta 24 funcionários e todos recebendo seus direitos trabalhistas. Só a Diretoria e Conselho Fiscal são voluntários. Mesmo com todas as ajudas já recebidas, precisaríamos de mais padrinhos e colaboradores efetivos para zerar nosso saldo negativo.
Que desafio o nosso! Como matar um dragão todo mês?                                  Em outubro de 2009, em oração a Deus pedi uma graça e prometi que daria todo o empréstimo em doação ao Sal da Terra. E a graça foi recebida para alegria de toda nossa grande família.                                                          Então, eu peço, hoje, nesta reunião, em 02 de janeiro de 2010, à Diretoria da Ação Comunitária Sal da Terra que aceite esta doação e que ela seja realizada na mesma simplicidade do empréstimo, sem complicação, como são as coisas de Deus. Sugiro que ela seja registrada em ata, constando no lugar da dívida a doação, sem identificar o nome do doador.
Hoje já se passaram 12 anos e continuamos neste caminho maravilhoso de , alegria e serviço, ajudando as 110 crianças e suas famílias e mais 27 funcionários e suas famílias,  que também moram nas Comunidades do Complexo do Lins de Vasconcelos.
Obrigada Senhor por tudo!

Terezinha Domingues
Terezinha Domingues
Enviado por Terezinha Domingues em 06/02/2019
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