VERMELHO

Se olharmos para os primórdios da espécie humana, há sessenta mil anos ou mais, veremos esses primitivos procurando meios de manterem-se vivos apesar do ambiente hostil que os cercavam.

Por puro acaso, esses primeiros humanos dotados de inteligência para usar os meios disponíveis em benefício próprio chegaram à conclusão de que aquele fogo, vermelho, destruidor de matas e de seres vivos podia ser manipulado para defesa contra a megafauna predatória sempre de prontidão e assim se achou a proteção para os grupos e para as associações entre machos e fêmeas com o intuito não só da procriação, mas também e principalmente para a preservação da vida da cria defendida, muitas vezes, com o sacrifício da vida dos adultos dentro ou fora das cavernas.

Tempos depois, o fogo foi elevado à categoria de deus e ganhou o nome de LAR com direito a adoradores em templos e nas lareiras das casas, mas antes disso foi o responsável por queimaduras e mortes que o transformaram em símbolo de destruição.

Essa sensação de perigo ancestral está presente no nosso dia a dia.

Não é à toa que a cor dos soldados do fogo, os bombeiros, é vermelha, como também é vermelha a luz do semáforo que obriga todos a parar para evitar o derramamento de sangue que, via de regra, é vermelho e sua perda significa morte.

Não custa lembrar que as demais cores do semáforo vêm da observação do ciclo anual das estações com o verde da primavera e do verão simbolizando fartura e tranquilidade e o amarelo das folhas do outono o estado de atenção para os rigores do frio invernal.

Vermelho também significa agressividade, rompimento, sacrifício, martírio...

Portanto não poderia ser outra cor a simbolizar os partidos políticos que sob a égide de uma igualdade falaciosa e impossível, martirizam populações, que exploram sua mão de obra sem a devida remuneração, que cerceiam as liberdades de expressão, de opinião e de locomoção dos que, compulsoriamente, fazem parte desses “paraísos” controlados com mão de ferro por ladrões de consciências e de fortunas, parasitas sociais, corruptos, ditadores populistas de fala envolvente para “prometer como sem falta e faltar como sem dúvida*” idolatrados e adorados por seus seguidores que justificam qualquer barbaridade cometida, porque os consideram intocáveis acima da lei e da ordem.

• Verso do poema – O matuto e o coroné – Autor Poeta Jessier Quirino.