UM GATO PRETO ,A FILOSOFIA E A SORTE...
Ele veio chegando de mansinho,experimentando o terreno,pisando leve com suas patinhas de veludo negro,mas,sempre alerta pronto pra o que der e vier.
Ao me ver no terraço onde lia ,despreocupada,de repente parou.Parou e espreitou.Seus grandes olhos verdes mediram a distância entre eu e os pratinhos de comida enfileirados como soldadinhos obedientes junto á parede.
Larguei o livro e sustentei seu olhar.Sorri pra ele.Encorajado caminhou até os pratinhos e escolheu um,o mais perto da porta.Os outros gatos bem alimentados dormiam no sofá da sala.
Ele comeu e sua extrema magreza que sempre me comoveu pareceu-me menor.Uma doença de pele tinha atingido seu pelo que,um dia,deveria ter sido lustroso.
Fitou-me com seus olhos agradecidos e retirou-se devagar descendo as escadas e ganhando a rua.Sei que voltará á noite para o jantar.E amanhã e depois de amanhã.
No início foi difícil ;chegou agressivo,espantando os outros cinco gatinhos ,mas,Mãezinha,a matriarca,nascida e criada nesta casa,o enfrentou,valorosa ,logo seguida por Lolly,a bela ,sua filha mais velha.Pixoxó e Judy correram,mas,Dengosa ,olhando majestosamente para a arruaça,pulou no meu colo e lá ficou.
Aqui é a casa das seis mulheres eu,a única humana do grupo.
Agora,depois de quase um ano de tentativas frustradas e brigas homéricas as minhas garotas foram se acostumando á presença dele.
Ele chega,senta no alto da escada e respeitosamente espera todas comerem;depois,vem devagarinho e fica com os restos.Eu acabo enchendo o prato dele com ração e ele me olha agradecido.Depois,some,vai embora.
Ponho o livro sobre a mesa e .filosoficamente,penso na diferença da sorte.Com as flores,com as pessoas,com os gatos...Se não fosse um gato de rua seria belo,viril,bem alimentado ,seus belos olhos verdes cheios de brilho.Em vez disso luta para sobreviver.Não sei onde dorme ou fica ,em que sombra de árvore se esconde,sujeito á maldade humana que envenena alimentos para que gatos famintos como ele terminem morrendo no meio da dor.
Meu coração de gato vagabundo se comove.Todos os dias espero a chegada dele e sua tigela está sempre cheia.
E o meu coração se acomoda.
Ele veio chegando de mansinho,experimentando o terreno,pisando leve com suas patinhas de veludo negro,mas,sempre alerta pronto pra o que der e vier.
Ao me ver no terraço onde lia ,despreocupada,de repente parou.Parou e espreitou.Seus grandes olhos verdes mediram a distância entre eu e os pratinhos de comida enfileirados como soldadinhos obedientes junto á parede.
Larguei o livro e sustentei seu olhar.Sorri pra ele.Encorajado caminhou até os pratinhos e escolheu um,o mais perto da porta.Os outros gatos bem alimentados dormiam no sofá da sala.
Ele comeu e sua extrema magreza que sempre me comoveu pareceu-me menor.Uma doença de pele tinha atingido seu pelo que,um dia,deveria ter sido lustroso.
Fitou-me com seus olhos agradecidos e retirou-se devagar descendo as escadas e ganhando a rua.Sei que voltará á noite para o jantar.E amanhã e depois de amanhã.
No início foi difícil ;chegou agressivo,espantando os outros cinco gatinhos ,mas,Mãezinha,a matriarca,nascida e criada nesta casa,o enfrentou,valorosa ,logo seguida por Lolly,a bela ,sua filha mais velha.Pixoxó e Judy correram,mas,Dengosa ,olhando majestosamente para a arruaça,pulou no meu colo e lá ficou.
Aqui é a casa das seis mulheres eu,a única humana do grupo.
Agora,depois de quase um ano de tentativas frustradas e brigas homéricas as minhas garotas foram se acostumando á presença dele.
Ele chega,senta no alto da escada e respeitosamente espera todas comerem;depois,vem devagarinho e fica com os restos.Eu acabo enchendo o prato dele com ração e ele me olha agradecido.Depois,some,vai embora.
Ponho o livro sobre a mesa e .filosoficamente,penso na diferença da sorte.Com as flores,com as pessoas,com os gatos...Se não fosse um gato de rua seria belo,viril,bem alimentado ,seus belos olhos verdes cheios de brilho.Em vez disso luta para sobreviver.Não sei onde dorme ou fica ,em que sombra de árvore se esconde,sujeito á maldade humana que envenena alimentos para que gatos famintos como ele terminem morrendo no meio da dor.
Meu coração de gato vagabundo se comove.Todos os dias espero a chegada dele e sua tigela está sempre cheia.
E o meu coração se acomoda.