VIDA SEM PROVEITO. ALCANÇAR O SONHO.
Viver toda uma vida, atingir os píncaros do tempo sem as realizações mínimas do que foi sonhado, traz a aflição emocional, as doenças da alma, a intemperança dos pecados capitais como a inveja e a maledicência, a mágoa que esvaziou a vida por inexistir realização do sonho.
A vida é um rio que corre, se o curso não alcança o mar que é sua meta, envelhece e se perde nos desvios de senilidade estéril de realizações.
O interior humano deve ser cuidado com desvelo, sempre há de ser o primeiro jardim a ser amanhado, mas as coletas do espírito se mesclam e projetam-se no mundo exterior, mesmo na materialidade que requer sem pompas e galas o sortilégio realizado, a simplicidade ritual da necessidade pessoal, como um jardim que seja, pobre e reduzido, mas realizado como projetado e pretendido, é como um passeio fora dos quintais apequenados nos bairrismos do coração que nada mais trazem do que a repetida cena gasta.
O mundo é pródigo, as gentes difusas e interessantes em artes e hábitos que, se conhecidos, andados, buscados em suas belezas todas, alargam os horizontes de uma velhice mesmo forte e rija, empolgam, fazem bater com rapidez o coração pela beleza do sonho realizado, e fica enriquecida no tesouro do conhecimento e nas pegadas das projeções saciadas. A vontade agradece ao espírito.
Viver longamente não é tudo, é preciso atingir a maturidade que se forra na experiência adensada pelo conhecimento de um mundo mais vasto, onde se pode distinguir com precisão a mágoa rejeitada e os sonhos vividos.
Quem não vive seus sonhos, no visionarismo da pretensão antes desenhada, se encerra no casulo da implacável vida de lamúrias permanentes, acossado pela ausência de realização plena e esgotado pela reiteração da iteração. É a infelicidade envolvendo o tempo perdido sem luta ou esforço para alcançar o sonho. Uma vida sem proveito. O sonho é luta. Sem luta não há vitória, sem esforço inexiste prêmio.