Seu Zé e a Proibição de Fake News

Após um artigo que publiquei aqui sobre as fake news no Recanto recebi alguns comentários, entre eles o de Paulo Gussoni, que expressou através de um outro artigo muito inteligente,"Fake News no Recanto:um contraponto", suas discordâncias quanto ao meu pedido de proibições de fake news aqui no Recanto.

Uma poesia chamada "SEU ZÉ VIROU CULTO", de Matheus de Jesus Brito, me fez pensar também sobre o espaço democrático do Recanto e como proibições poderiam atingir a espontaneidade de pessoas que aqui escrevem sem intenções malignas.

Porém, algumas coisas me preocupam quanto a naturalizarmos Fake News. Evidentemente nem tudo que escrevemos aqui precisa ter fundamentação em fatos ou pesquisas científicas. Gostamos de criar hipóteses e mesmo de desenvolver "teorias" conspiratórias, as vezes pelo mero prazer da imaginação. A ciência também trabalha um pouco assim.

O problema começa quando o conteúdo destas "teorias" envolvem uma escolha ideológica, sexual, política, filosófica ou mesmo temas envolvendo saúde, segurança e educação que podem causar prejuízos às pessoas tanto as que aderem a estas histórias quanto aos que tem como profissão difundir e aplicar estes conhecimentos. Da mesma forma, causam prejuízos a imagem de quem venha a seguir certas ideologias, filosofias, etc.

Eu não gostaria que fosse proibido ao seu Zé, que talvez esteja escrevendo no Recanto seus primeiros versos e crônicas. Mas pediria ao seu Zé que ouvisse, com todo respeito, alguns conselhos meus:

> Papel aceita tudo seu Zé, infelizmente a internet mais ainda. Dizer o que as pessoas querem ouvir, o senhor sabe, é mais fácil do que mostrar as coisas como são. Gente teimosa tem por aqui também.

> Uma história bem contada é bonita, curiosa e diverte, mas e se esta história servir para magoar e caluniar outras pessoas, continuará bonita e divertida mesmo assim? Então, se vejo que algo tem este propósito, eu me pergunto "Será mesmo?", "Quem tem razões para inventar um negócio destes?" e "Como saber se isto é verdade?".

> Seu Zé, hoje todo mundo quer ter razão, sou do interior e sem bem o valor de uma prosa, mas quando a gente vem pra cidade grande, a gente descobre pessoas de todo tipo, como foi meu caso. Não da para acreditar de primeira em todo mundo, mas a velha desconfiança é boa parceira nestas horas.

>Razões não faltam tanto para falar a verdade quanto para falar mentira. Sabe o que faço seu Zé? Ouço todo os lados e observo a distância entre o que se diz, o que se faz e o que acontece. Coloco cada coisa em seu devido lugar, como deve ser em tudo na vida.

>As vezes seu Zé, há tanta mentira de todos os lados, que ficamos tentados a entrar na dança, o famoso "esta no inferno, abraça o capeta". Não consigo! Não tenho medo de errar, afinal é parte de nossas limitações, mas abraçar a mentira não dá.

> Tem uma coisa aí seu Zé, chamada de pós verdade. Tem gente que ignora ou rejeita os fatos quando não confirmam suas histórias, o senhor é do interior como eu... Sabe que muita gente tenta nos enganar, mas que se a gente perguntar e perguntar desconcertamos o malandro.

> Não somos donos da verdade, mas também não precisamos desdenha-la por causa disto!

> Um filósofo alemão, um tal de Nietzsche, dizia que "não há fatos, apenas versões", gosto dos seus ensinamentos, mas quando sinto o calor do sol, sinto fome, observo a janela e vou trabalhar... Sempre tem algo além da interpretação, algo fora do alcance do entendimento último das coisas, mas está lá ou então tudo o que eu imaginasse simplesmente existiria. OU seria um problema como a minha imaginação? Talvez...

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 05/02/2019
Código do texto: T6567649
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