A EFICIÊNCIA DO DESPACHO
Já contei a história do Alan, gato que adotei quando ele vivia abandonado na praça em frente da casa. Mas tinha omitido parte da história. Mas, hoje, bateu uma saudade do Alan que resolvi contar o restante do episódio.
O Alan vivia cobiçando os canários de um médico próximo. Ele nunca os atacou. Mas incomodava o dono das aves. Certo dia, deu-lhe uma pancada na cabeça do Alan, matando-o. Pegou-o pelas patas dianteiras e trouxe até à porta da minha casa. Simplesmente não reagi ante à barbaridade.
O que mais me incomodava, era quando nós cruzávamo-nos. Não nos cumprimentávamos, mas ele sempre olhava-me de modo irônico, de superioridade, como se dissesse: -E seu gato? Certa vez ele imitou um miado do felino.
Relatei o caso a alguns amigos. Tome alguma providência. Faça algum despacho.
Resolvi procurar um Pai do Santo, indicado por alguns amigos, lá em Bento de Abreu,
Orientou-me a colocar três velas em um prato, com a foto do gato ou desenho, nome do matador, garrafa de pinga, e levar a uma encruzilhada, à meia-noite, durante sete dias. Deixar as velas acesas...
A encruzilhada foi aquela de Guaiçara, entrada do sanatório.
Decorrido alguns meses, até já tinha me esquecido do assunto. Quando li nos jornais de que o fulano tinha falecido. Câncer na garganta, tinha o fulminado rapidamente.
À noite, à meia-noite, levei um garrafa de cachaça ao Pai Santo, como agradecimento pela graça alcançada.