Lição Borboleta
Para onde voam as borboletas?
São tantas, em suas cores, tamanhos, formas... Deve haver um lugar onde as borboletas se juntam formando imenso coral, um mar de cores ou quem sabe não são elas as mantenedoras do arco-íris?
Seja como for, amo borboletas. Vidas curtas, mas muito bem aproveitadas. Iluminam, desenham no ar a beleza, a sensibilidade, a pureza. Não devem saber dos ontem(s) nem se o amanhã existe de fato, talvez nem saibam do hoje ou dos tantos porquês que existem em uma única vida, não parecem preocupadas com o bem ou o mal, não discutem o que é de quem numa separação ou quem ama quem ou deixou de amar nesse mundo, onde até mesmo o amor é muitas vezes, apenas ilusão.
Voam, pousam, e no bater das asas parecem ter por missão o simples enfeitar do mundo. Chova ou faça sol continuam sempre com o mesmo brilho, as mesmas cores, não parecem reclamar do tempo, da meteorologia que não deu certo, da crise econômica, do desemprego e nem mesmo das doenças... Borboletas ficam doentes?
Se ficam, não se aborrecem, apenas morrem, assim mesmo como sempre viveram, na paz, num fechar de olhos como quem viveu sua missão até o final.
Borboletas sabem escolher o que de melhor a vida pode oferecer. Vivem em meio as flores, misturam-se aos aromas diversos de um jardim. Alimentam-se da pureza que a natureza lhes dá, sabem o caminho certo do seu vôo e nunca se chocam entre si. Eu nunca vi uma borboleta trombando com outra e despencando pro chão. As que nascem com defeitos parecem ser inclusas perfeitamente no grupo, tanto que nunca percebemos a que não tem uma patinha, ou seria um pezinho?Ou então a que nasceu sem uma antena, a que não pode voar muito bem sozinha, a que não tem direção, a que não tem visão, todas parecem perfeitas.
Não sei como funciona a paternidade e maternidade delas, mas acho que borboletas têm pais e mães. Também nunca ouvi falar de pais de borboletas que delegam a função da educação de seus filhos e filhas borboletas para professores ou escolas ou sociedade...
É, os pais devem saber o segredo da boa educação de seus filhos, tanto que passa tempo e as borboletas continuam com suas cores, seus vôos que tanto nos encantam, cumprindo perfeitamente sua missão sem deixar nada a dever pra nenhum ser vivo dessa terra.
Será que as borboletas passam também pela fase da adolescência? Ficam rebeldes? Se ficam, devem ter uma ótima fórmula para lidar com todas as questões pertinentes a essa fase da vida, fórmula essa que nós humanos ainda não encontramos. Nunca ouvi falar de “borbolescentes” matando pais, fugindo do sincronismo do vôo em grupo, desafiando os mais velhos só para mostrar um poder ilusório. Talvez porque lá, no reino das borboletas, haja uma lei que impõe limites que são essenciais para tornarem seres de bem no cumprimento de seus deveres, cobrando com sabedoria da natureza seus direitos e cumprindo assim a missão linda que todo ser vivo tem.
Amo as borboletas, todas elas e acho que nós, seres humanos, se nos colocássemos a observá-las mais e mais atentamente, poderíamos aprender muito com essa espécie que, no seu curto tempo de vida, tem uma vida inteira a nos ensinar.