Tudo sempre muda

O que vou tratar aqui é mais um relembrando o passado, talvez seja porque virei avô recentemente e comecei a me lembrar das coisas que vivíamos lá na nossa infância.

A molecada ía a escola de manhã até os treze ou quatorze anos e depois, no colegial alguns já começavam a trabalhar, até antes do colegial, no meu caso comecei com doze anos a trabalhar num escritório, servindo de faxineiro, office boy e datilógrafo, aprendiz de escritório.

O que lembrei dessa época, é que os hormônios estavam a flor da pele da maioria dos moleques e todo mundo queria pegar alguém, eramos todos frequentadores assíduos do banheiro, de casa, da escola, do trabalho, era uma alegria só e um tal de sai do banheiro que nossas mães gritavam para acabar com nossa concentração.

Fiquei pensando no que seria uma alegria de um Pai hoje, pois naquela época a molecada ía dar um rolê na zona da cidade, lá tinha uma garota dos seus dezoito ou dezenove anos chamada Selma, e ela adorava ser a primeira da molecada, Selma tinha um jeito especial e o garotão saia de lá ser sentindo um homem, era um tempo diferente.

Quando a polícia chegava na zona era uma correria daquelas, os moleques íam parar no meio de um cafezal que tinha por lá, vez ou outra a PM agarrava um e depois ligava para os Pais irem buscar na cadeia.

Minha mãe me contou uma história de quando fui preso numa noite mais animada, a policia ligou em casa e falou com ela que eu tinha sido preso, meu pai estava em casa e disse "Preso?" minha mãe disse "Pegaram ele na Zona", meu pai deu um suspiro de alívio "Graças a Deus". Dizem que era o machismo daqueles tempos, o filho ser preso na zona era alegria para os Pais.

Pensando no meu neto que nasceu agora, imaginei o que seria e como é nesses novos tempos essa questão da sexualidade masculina e feminina, essas discussões de gênero que estão aí mas não me preocupam muito, acho que os meninos e meninas começam a se divertir mais cedo. Cabe a nós orientar essa meninada que está vindo para essas formas atuais de relacionamento.

No meu interior ficou muito daqueles tempos, talvez nem tenha mudado muito, os Pais ainda se alegrariam em saber que a opção dos seus filhos é coerente com o gênero masculino ou feminino que nasceram, mas acredito que nesses novos tempos, Pais são aqueles que criam e amam seus filhos como eles são.