Preconceito e meu receio

Sempre me perguntavam se eu tinha preconceito com alguma coisa na vida. Sempre quando me perguntavam isso a resposta era a mesma, “Não”. Eu não me via preconceituoso. Parece que hoje a elegância está em você ser inclusivo, respeitoso; não é mais como no século XIX que o elegante era você vestir roupas, jóias caras e falar um requintado francês e desprezar quem não era burguês. Entretanto, há um tempo atrás estava eu indo para a faculdade e aconteceu duas coisas no caminho. Quando eu estava dentro do ônibus, uma mulher que parecia moradora de rua acenou querendo entrar. Ela cheirava muito mal e sem pensar acabei indagando: “Sério que ela vai entrar e sentar do meu lado?” e logo percebi a besteira que pensei. Parecia quando Adão e Eva perceberam que fizeram uma merda sem tamanhos no Jardim do Éden, sabe? Alguns Dias se passaram e estava eu dentro do ônibus em um terminal e dois rapazes negros, com aquelas roupas de funkeiro e cheios de tatuagem entraram no ônibus. A menina que estava do meu lado saiu de fininho e eu fui atrás. E depois a minha consciência me deu uma bronca, dizendo: “Puta que Pariu! De novo você fez, seu preconceituoso! Esqueceu que seu melhor amigo é negro?!” Verdade, eu lembrei desse detalhe. E também descobri que sou preconceituoso (Sim, eu não sabia). Eu me orgulho de ser assim? Jamais! Mas tirei lições com o meu preconceito. Aprendi que o problema não é ter preconceito. O problema é ter preconceito e não aprender com ele. Não tem problema em ter preconceitos. Não tenha medo de ter. Tenha medo de ter, não reconhecer e não fazer nada para mudar isso. O problema não é errar; o problema é não fazer do erro um motivo para crescer e se tornar um melhor ser humano.

Piloy, 2019

Muca pimenta
Enviado por Muca pimenta em 30/01/2019
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