O metido a mecânico
Outro dia desses, nas férias de dezembro, na verdade, férias dos outros, eu continuo desempregado, sem nada para fazer e em casa, mas tem um momento que a gente não aguenta mais ficar só parado, e outra a mulher já começa falar umas coisas, meio que falando para as paredes, ‘jogandinho’ uma indireta, ‘tipo dizendo o homem não se liga’, pois é, até comecei a ler um livro, para que ela pare de implicância, achei que era melhor do que sair por aí, hoje está tudo muito perigoso, assalto, roubo, barragens que destroem tudo, e nós sempre a mercê de tudo, o livro, um que fala sobre, ‘ Céu de um verão proibido 2’, O livro de um Escritor do Rio de Janeiro.
Sentado na cama no quarto, lendo quieto, para não incomodar ninguém, a história do livro conta a vida desses adolescentes de hoje, e envolve um Astro Pop, muito jovem que infelizmente não frequentava a escola, porém, fazia muito sucesso com a música, mas, mais sucesso fazia com a meninada. Quando teve que voltar para escola, pois se não fosse sua carreira iria ser interrompida. Parece um ‘Inferno’ a gente não consegue ler, essas histórias fascinantes, mais que uma hora, o olho começa a arder, lagrimejar, começa abrir a boca de sono, doí as pernas, tive que abusar com a leitura...
Sabe de uma... vou visitar meu amigo mecânico, o homem anda sempre atarefado, converso um pouco com ele, depois retorno, ele não pode ver um parado que já pede para ajudar, se não ajudar fica chamando de preguiçoso, dito e feito, só me olhou e disse bem de você que eu preciso, fui ajudar o ‘loco’, mas na primeira que fui erguer uma barra de ferro, pesava mais ou menos uns 80 kg, ‘risbala’ da minha mão e não dá tempo de tirar o pé, cai em cima dos três primeiros dedos, amorteceu a perna na hora, uma dor insuportável, tinha vontade de sair gritando, não tive coragem nem de tirar o calçado, aquilo sabe latejar, saí mancando e sem dizer adeus, não ajudo mais ninguém, melhor ficar ouvindo as ‘piadinhas de mau gosto em casa’. Tanto tempo em casa a gente perde até a noção do tempo, nem lembrava mais que tinha marcado um exame adicional, conferindo no celular era no outro dia, para comparecer logo após o meio dia na sede da empresa.
E lá fui eu, com o pé daquele jeito, calçado fechado nem pensar em colocar, mas tenho eu, outras opções, nessa altura do campeonato, antes de chegar parei respirei e comecei a calçar o bendito sapato, meu Deus que dor insuportável, os dedos estavam inchados, apertava ainda mais, isso que um pé era 39 e o inchado 40, sapatos ambos da mesma cor, ao desembarcar do carro o andar teria que ser elegante, e assim foi, mas de vez em quando quase escapava um ‘aí’ daqueles dos fortes...
Por fim, chegou a hora de fazer o exame, me chamaram primeiro para medir a pressão, o rapaz mediu duas vezes e anotou em um ‘biete verde’ que já estava com meu nome escrito sobre a mesa, entregou em minhas mãos o ‘biete’ disse o Senhor aguarde lá na
ultima sala do corredor, pensei, oras corredor, mau posso caminhar, agora vou sair correndo, esperei ele virar as costas e saí caminhando de vagar mesmo, a vontade era de gritar, mas, deveria ter ficado em casa, decidi enfrentar a realidade, então abriu-se a porta, saiu uma moça com algumas folhas na mão, escutei ela chamar meu nome, levantei, entrei e fechei a porta, então, começou a sessão de perguntas, respondia com os dentes apertados de tanta dor, mas acho que ele desconfiou de alguma coisa, eles são muito espertos e sabem quando a gente esta sentindo alguma dor, mas no final das contas fui contratado, só ele disse, vamos cuidar da pressão, está alterada hoje... chega de ouvir essas indiretas todos os dias, agora vamos trabalhar.