ALÔ, ALÔ, MARCIANO!
ALÔ, ALÔ, MARCIANO!
Meu amigo, extraterrestre, você que nesse momento, encontra-se em algum cantinho desse infinito Universo e pensa em visitar ou, até mesmo, quem sabe, fazer do Planeta Terra sua morada; desista, amigo. Desista enquanto é tempo ou, repense seu destino. Por aqui, infelizmente, temos encontrado mais lama do que terra. Se você, meu amigo, é dotado de sensibilidade aguçada, mude seu roteiro. Pois é, meu amigo, espacial, nós terráqueos, nos dias atuais, temos sido vítimas de estranhas mutações. Sobrevivem os mais fortes. Aqueles com melhor capacidade de adaptação. Aqueles desprovidos de empatia, os gananciosos, indiferentes a tudo e a todos, os bons de briga, os poderosos.
Volte para o último lugar da fila de embarque se você, caro amigo, não se encaixa nesse novo perfil dos novos terráqueos sobreviventes. Sim, metamorfosearam-se. Criaram escudos protetores e, hoje, carregam no peito, coração de pedra. Pedra bruta, não lapidada. Deixaram de amar, de se importar, de compartilhar, de viver e conviver. Secaram-se- lhes as lágrimas. Os sentidos também sofreram alterações. Só têm olhos para si mesmos. São frios. Ouvem apenas o que lhes convém. Farejam, à distância, a riqueza. E o beijo tornou-se sem sabor, sem paixão, sem paladar, sem doçura nem afeto.
Cuidado amigo! Pois, se ainda assim, insistir a sua teimosia e você, um ser do bem, levar adiante essa arriscada jornada por terras lamacentas, correrá o risco de contaminação pelos demais habitantes. Essa peste não escolhe as vítimas. De alguma forma, sinto informar, você será lesado. E quando menos esperar, seus sentidos adoecerão e seus sonhos e esperanças estarão afundados no mesmo lamaçal do qual têm sido vítimas inocentes criaturas, nesse nosso adoentado “Planeta Terra”.
Elenice Bastos.