"Tietê", o nosso rio paulista.
Em tupi-guarani Tietê significa " água verdadeira", e assim gostaríamos que fosse por toda a eternidade...uma água de verdade.
Moro em São Paulo há muitos anos, às vezes penso que gosto e outras apenas que tolero, mas nunca nego a história de vida que tenho nesta cidade.
Quando garoto ia até o Instituto Butantan de bicicleta, morava na Vila Beatriz , próximo a Praça Panamericana, às margens do rio Pinheiros, afluente do Tietê, e mesmo hoje, não me afastei tanto assim.
No verão cheira mal, até o cartão postal cheira (posso jurar), aproximem a foto das narinas ...Um dia quando o Tâmisa de Londres foi recuperado em um processo que durou dez anos, os ingleses nos mostraram que em dez anos se recupera um rio como esse. Ganha vida e se torna navegável, e até os peixinhos retornam por conta própria.
Quando os londrinos começaram um sério trabalho de despoluição do rio Fleet, que hoje corre por debaixo da cidade, juntando suas águas ao Tâmisa, as autoridades brasileiras começaram a se movimentar em relação ao Tietê, me lembro bem , lá pelos anos 80, e pensei na minha ingenuidade ; " agora vai...".
- Usaram 8,7 toneladas de Listerine azul, com a fórmula original do Missouri , do Dr. Joseph Lister, pois a química do enxaguante bucal agiria perfeitamente com os dejetos ácidos e os efluentes tóxicos, formando um potente floculante , iniciando-se assim o processo de descontaminação.
Não sei porque razão o processo não avançou pois o "cool mint " ( azul) é antibactericida , mas pelo menos deixou um cheirinho de hálito bom no famoso rio paulista , isso ninguém pode negar ! Por um mês pode se dirigir pela Marginal como se estivéssemos no banheiro de casa.
Nota; Claro que isto nunca aconteceu, é uma crítica irônica e absurda que inventei, uma forma de dizer do quanto brincam conosco, com a nossa boa fé.
Esta sarcástica crônica tem a ver com o desastre ambiental da Brumadinho e Mariana.